Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 6 de novembro de 2017
Após ser colocado em liberdade condicional na Bélgica, nesta segunda-feira (06), o presidente destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, criticou o governo da Espanha. Ele afirmou que o país é “um Estado afastado da prática democrática”.
Durante a noite de domingo (05), um juiz de instrução belga decidiu conceder liberdade condicional para Puigdemont e outros quatro membros do seu governo à espera de que a Justiça do país se pronuncie, nos próximos 15 dias, sobre a execução da ordem europeia de detenção.
Os cinco haviam se entregado às autoridades belgas no domingo, depois que a Justiça espanhola emitiu uma ordem europeia de busca e detenção para prendê-los após a declaração de independência da região autônoma. Enquanto isso, Puigdemont e seus conselheiros estão proibidos de sair da Bélgica sem autorização judicial, devem comunicar um endereço fixo e obedecer a todas as convocações da Justiça e da polícia, informou o Ministério Público.
“Em liberdade e sem fiança. Nosso pensamento está com os companheiros injustamente detidos por um Estado afastado da prática democrática”, escreveu o ex-presidente catalão no Twitter.
O governo da Espanha manifestou nesta segunda-feira “máximo respeito” pela decisão. “Por parte do governo, e dado que estamos falando de um sistema tão democrático como o espanhol, manifestamos máximo respeito às decisões dos juízes na Espanha, na Bélgica e em todos os Estados”, disse a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría.
Na Espanha, oito dos 14 membros do governo de Puigdemont, que compareceram à Justiça em Madri investigados por “rebelião”, “sedição” e “malversação”, foram presos. Outro, que havia renunciado ao cargo se opondo a uma declaração unilateral, ficou em liberdade sob fiança.
Pequenos grupos de manifestantes separatistas bloquearam por breves períodos, nesta segunda-feira, estradas e ferrovias na Catalunha em protesto pela prisão de membros do governo regional destituído.
A atual crise política foi desencadeada após a realização de um referendo considerado ilegal pelo governo e pela Suprema Corte espanhóis. Na consulta popular de 1º de outubro, 90% dos votantes foram a favor da independência da Catalunha. Apenas cerca de 40% do eleitorado votou.
Com o resultado favorável à independência, Puigdemont declarou no Parlamento local que a região “ganhou o direito de ser independente” e em seguida suspendeu os efeitos do ato para negociar com o governo espanhol. A atitude deixou dúvidas sobre se houve uma declaração de independência e fez com que Rajoy exigisse um esclarecimento formal de Puigdemont.
Como não houve resposta, o premiê espanhol propôs no dia 21 intervir no governo regional, o que foi aprovado pelo Senado, instantes depois de o Parlamento regional da Catalunha aprovar o início do processo de independência da região.