Sábado, 27 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de setembro de 2025
No final de semana passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um mutirão nacional para redução das filas do SUS (Sistema Único de Saúde), em Brasília, e aproveitou seu discurso no evento para criticar “uma parte da elite médica brasileira que acha que a gente não precisa formar mais médicos”.
Ao lado do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o presidente falava da resistência inicial ao programa Mais Médicos, lançado em 2013 no governo Dilma Rousseff, cujo número de profissionais despencou após o impeachment dela e voltou a crescer na atual gestão.
Declarou Lula: “Nós agora já estamos com quase 30 mil médicos. Nós mais do que dobramos, em apenas 2 anos e meio, a quantidade de médicos que nós achamos. E nós achamos que é pouco. Porque tem uma parte da elite médica brasileira que acha que a gente não precisa formar mais médicos. Que acha que tem muito médico. Tem muito médico em uma certa região do país. Nas cidades brasileiras. Mas e quando a gente entra no coração deste país? Quando a gente vai pra cidade de 8 mil habitantes, 5 mil habitantes, 6 mil habitantes, que a gente vai pro Norte, pro Nordeste, pro sertão. Tem médico? Não tem.”
Reação
As declarações provocaram uma reação do presidente do Conselho Federal de Medicina, José Hiran Gallo, que diz que “os médicos brasileiros não formam uma elite, mas um grupo de profissionais comprometidos com a população e o país”.
O texto classifica o comentário como lamentável e diz que “posicionamentos desse tipo não contribuem em nada para a solução desse problema e ainda alimentam a narrativa do ‘nós’ contra ‘eles’ que tanto mal tem feito ao funcionamento dos serviços públicos de saúde, palcos frequentes de casos de violência contra médicos em locais de atendimento”.
Afirma Gallo: “Aos adeptos desse discurso, lembro que os médicos brasileiros são trabalhadores comprometidos com a qualidade da assistência da população e têm cumprido seu papel com dedicação, competência e qualidade, em contextos nem sempre favoráveis, onde imperam a falta de infraestrutura, de recursos humanos, de financiamento e, sobretudo, de gestão”.
Ele também convidou autoridades federais a visitarem “sem aviso prévio” postos de saúde, prontos-socorros, UPAs e hospitais de áreas distantes e com indicadores de desenvolvimento humano precários.
Conclui o chefe do CFM: “Com certeza essa imersão deixará claro que pacientes e médicos compartilham uma mesma posição: a de vítimas de um sistema injusto que carece de vontade política para ser corrigido e não precisa de falas de efeito que ganham manchetes, mas não resolvem os problemas de doentes e equipes de saúde”. As informações são do jornal O Globo.