Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de abril de 2018
O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, participou de uma audiência de cinco horas no Senado dos Estados Unidos nesta terça-feira (10) e admitiu erros ao prestar esclarecimento sobre o escândalo do uso inadvertido dos dados de 87 milhões de usuários da rede social pela consultoria política Cambridge Analytica. Ele também falou sobre as formas como o Facebook protege a privacidade em sua plataforma.
A audiência conjunta foi realizada entre os comitês de Justiça e do Comércio, Ciência e Transportes, ambas do Senado dos EUA. Na quarta, será a vez da Câmara dos Deputados. Zuckerberg falou diante do Comitê de Energia e Comércio. “Nós temos a responsabilidade de não apenas construir ferramentas, mas assegurar que elas sejam usadas para o bem”, afirmou Zuckerberg.
A audiência de Zuckerberg provocou o maior burburinho no Senado desde as audições da Microsoft nos anos 1990. Dos 100 parlamentares que a Casa possui, 44 participam da sessão. Em seu discurso de abertura, o CEO do Facebook afirmou que os dados coletados pelo desenvolvedor do teste que gerou todo o escândalo foram vendidos pela Cambridge Analytica. Essa é a primeira vez que a rede social admite ou assume isso. No dia do depoimento, as ações do Facebook fecharam em alta de 4,5%, a maior em quatro anos.
Questionamentos de senadores
“Estamos aqui por uma quebra de confiança”, afirmou o senador John Thune, presidente da comissão de Comércio, Ciência e Transportes, em seus comentários iniciais. “Uma das razões para tantas pessoas estarem preocupadas com isso é porque isso diz sobre como o Facebook trabalha.”
Para ele, o “sonho americano” de Zuckerberg, ao criar o Facebook, pode se tornar um “pesadelo de privacidade” para americanos. Durante a audiência Zuckerberg foi questionado sobre os seguintes temas: como o Facebook reagiu ao vazamento de dados pela Cambridge Analytica; como o Facebook usa os dados de seus usuários para ganhar dinheiro; como a rede social reage ao uso político da plataforma; posição do Facebook sobre regulamentação de empresas de internet. Zuckerberg negou que o Facebook seja um monopólio. “Eu certamente não vejo dessa forma”, disse.
Caso Cambridge Analytica
Zuckerberg afirmou, na primeira etapa de seu depoimento, que a Cambridge Analytica não foi banida em 2015, quando o Facebook soube que a empresa britânica tinha dados de seus usuários, porque a consultoria política não usava nenhum dos serviços da rede social. “Não tínhamos do que bani-los.”
Após o recesso, ele corrigiu a informação. Ele disse que a empresa estava, sim, na plataforma na ocasião e não foi banida. “Foi um erro não ter banido”, disse. Ele comentou também que, quando soube que a Cambridge Analytica não havia deletado os dados de 87 milhões de usuários anos atrás, o Facebook não notificou os afetados porque “nós consideramos isso um caso encerrado”. E ainda respondeu que nenhuma pessoa da empresa foi processada devido ao escândalo.
Zuckerberg foi questionado diversas vezes sobre regulamentação de empresas de internet e assumiu uma mudança de postura ao admitir a “regulamentação certa”. No passado, a rede social refutou iniciativas de regular o setor e de assumir responsabilidade pelo conteúdo postado na rede. O líder do Facebook disse que a rede social poderia, inclusive, contribuir com algumas ideias sobre regulamentação.
Ele também foi questionado se apoiaria uma regra que exigiria que as empresas notifiquem os usuários sobre um vazamento de dados em até 72 horas. “Faz sentido pra mim”, respondeu.