Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2025
Polícia Federal abriu investigação sobre o vazamento de itens usados em pré-testes do exame.
Foto: Angelo Miguel/MECO presidente do Inep Manuel Palácios afirmou que “não há qualquer risco técnico” de fraude no Enem 2025, mesmo após a Polícia Federal (PF) abrir investigação sobre o vazamento de itens usados em pré-testes do exame.
Segundo ele, a situação, que envolve a antecipação de questões da prova deste ano pelo estudante de medicina Edcley Teixeira “não prejudicou os candidatos”.
“Não há a menor chance de que um item memorizado por um estudante afete a segurança do Enem. Não há risco técnico algum nesse episódio”, declarou.
Segundo o dirigente não existe possibilidade de algum participante ter obtido vantagem por ter visto previamente a questão.
Apesar da fala, o Inep confirmou que pediu investigação à Polícia Federal. “Há aparentemente um esforço concertado para prejudicar o Enem. Precisamos entender o que está acontecendo”, disse Palácios.
Na manhã de domingo, agentes da PF estiveram na casa de Edcley, no Ceará, em operação de busca e apreensão. Computadores, celulares e documentos foram recolhidos para auxiliar no inquérito.
Para especialistas, parte do problema está no Banco Nacional de Itens (BNI) — conjunto de questões calibradas que abastece o Enem e outras avaliações. Há anos, o banco é criticado por não ter o volume ideal de itens.
“Seria muito mais simples se o Enem tivesse um banco robusto, com 100 mil itens. Assim, não seria necessário fazer pré-testes anuais, e a chance de repetição seria mínima”, avaliou Maria Helena Castro, ex-presidente do Inep e responsável pela implementação do exame no Brasil.
O atual presidente do Inep afirmou que mudanças no Enem precisam ser “introduzidas com cautela”, já que o exame impacta milhões de estudantes. Segundo ele, o órgão trabalha para atualizar práticas e adotar técnicas mais modernas.
O ministro da Educação, Camilo Santana, também reforçou que o exame está mantido.
“Quero tranquilizar a todos que fizeram o Enem. O exame continua, os dois gabaritos já foram divulgados e o resultado final sairá em janeiro de 2026. O Enem é um patrimônio do Brasil”, afirmou.
Em entrevista exclusiva ao Fantástico, da Rede Globo, Edcley negou que soubesse que as questões iriam entrar no exame: “Eu acho que essas similaridades pontuais foram coincidências”.
O estudante confessou que as perguntas anuladas pelo Enem estavam em um concurso que ele participou em 2024, o Prêmio Capes Talento Universitário, promovido pelo MEC. “Eu desconfiei que pudesse ser um tipo de pré-teste”, ele afirmou, após dizer que teria identificado naquela prova padrões semelhantes aos do Enem.
Os chamados Pré-testes são provas que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) cria para testar perguntas que provavelmente cairão no Enem. Eles são aplicados em estudantes do terceiro ano do ensino médio com o objetivo de avaliar o conhecimento dos alunos.
O Inep confirmou que o prêmio serve como uma espécie de laboratório para validar perguntas que podem, ou não, cair no Enem.
A jornalista Luiza Tenente descobriu que Edcley pagava candidatos para memorizar perguntas dessa prova. Em mensagens, ele pedia detalhes de “até dez questões” do exame.
Durante a entrevista, Edcley disse que não vê “má-fé” nessa prática. “Não existia nenhum termo de compromisso, não existia nenhum termo de sigilo, não existia nem um edital”.