Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2019
Na mira do programa de privatizações do governo, os Correios iniciaram estudos para abrir o capital da empresas. O processo permitiria que a empresa negociasse ações na Bolsa de Valores, da mesma forma que outras empresas estatais como a Petrobras e o Banco do Brasil. O plano foi mencionado pelo presidente da estatal, Juarez Cunha, no podcast institucional “Com a palavra, o presidente dos Correios”.
No programa, publicado na última segunda-feira, Cunha diz que a ideia de abrir o capital faria parte de um processo de modernização da estatal.
“Também já iniciamos, com vistas à modernização da empresa, estudos para abertura do capital da empresa. Isso é uma medida fundamental, importante. De maneira que possamos ter um quadro de sócios minoritários”, afirmou no programa.
O executivo reforçou, no entanto, que é contra a privatização dos Correios. Na avaliação dele, um dos argumentos para se opor à venda da empresa é o fato de que a estatal não é dependente de recursos do Orçamento. Hoje, 18 empresas sob controle da União dependem de repasses do Tesouro, que chegaram a R$ 19,6 bilhões ano passado.
Cunha frisou ainda que a companhia cumpre um papel estratégico e social, de operar em locais afastados, onde uma empresa privada não atuaria.
“Gostaria de destacar, muito importante nessa situação o papel social feito pelos Correios em todos os municípios do País. Esse papel é imensurável e não poderá ser realizado por uma empresa não estatal”, disse o executivo.
Nas últimas duas semanas, ganhou força o plano de privatizar os Correios, uma ideia que tem sido bem vista pelo presidente Jair Bolsonaro. Na semana passada, o presidente afirmou, em café da manhã com jornalistas, que os planos para a operação já foram autorizados e estão sendo elaborados pela equipe econômica.
Bolsonaro avalia cenários para privatização
O presidente Jair Bolsonaro discutiu possibilidades de privatização dos Correios em reunião na terça-feira (30) com o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do ministério da Economia, Salim Mattar.
De acordo com o ministério da Economia, o objetivo de eventual venda da estatal é desonerar o cidadão.
Em publicação feita no Twitter, a pasta informou que o secretário citou ao presidente o histórico de corrupção de gestões passadas, o que, segundo ele, afetou a eficiência dos Correios e elevou o custo à população.
“Decisões equivocadas causaram um rombo de mais de R$ 11 bilhões no fundo de pensão dos funcionários dos Correios, o Postalis”, disse o secretário.
Ainda segundo o ministério, Mattar argumentou que o rombo no plano de saúde dos funcionários dos Correios atingiu R$ 3,9 bilhões.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) já demonstrou a intenção de privatizar os Correios. Em outubro de 2018, antes de ser eleito, afirmou que a estatal tem grande chance de privatização.
A venda de estatais está entre as prioridades da equipe econômica de Bolsonaro, comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e operacionalizada pelo secretário Salim Mattar.
A estatal tem hoje aproximadamente 105 mil funcionários e vem adotando medidas de ajuste para equilibrar as contas. Entre as ações, estão programas de demissão voluntária e fechamento de agências.
Na área na qual os Correios têm monopólio —envio de cartas, telegramas e outras mensagens—, as entregas caíram de 8,9 bilhões de unidades em 2012 para uma estimativa de 5,7 bilhões em 2018.
Depois de resultados negativos bilionários em 2015 e 2016, os Correios registraram lucro de R$ 667 milhões em 2017. Em 2018, o lucro foi de R$ 161 milhões.