Segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2025
Cerca de 1,4 bilhão de pessoas viviam com hipertensão em 2024, segundo o relatório global sobre hipertensão que a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente. O documento ainda mostra que uma em cada cinco a controlava por meio de medicamentos ou abordando riscos modificáveis à saúde.
O novo relatório, divulgado em um evento coorganizado pela OMS, Bloomberg Philanthropies e Resolve to Save Lives durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, também revela que apenas 28% dos países de baixa renda relatam que todos os medicamentos para hipertensão recomendados pela OMS estão geralmente disponíveis em farmácias ou unidades de atenção primária.
A hipertensão é uma das principais causas de ataque cardíaco, derrame, doença renal crônica e demência. A condição é tratável, porém, segundo os especialistas, se nenhuma medida for feita, milhões de pessoas continuarão a morrer prematuramente e os países enfrentarão perdas econômicas crescentes.
“A cada hora, mais de 1.000 vidas são perdidas em decorrência de derrames e ataques cardíacos causados pela pressão alta, e a maioria dessas mortes poderia ser prevenida”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Os países têm as ferramentas para mudar essa narrativa. Com vontade política, investimento contínuo e reformas para incorporar o controle da hipertensão aos serviços de saúde, podemos economizar milhões e garantir cobertura universal de saúde para todos.”
O relatório mostra que 99 dos 195 países e territórios têm taxas nacionais de controle da hipertensão abaixo de 20%. A maioria das pessoas afetadas vive em países de baixa e média renda, onde os sistemas de saúde enfrentam restrições de recursos. E destaca lacunas importantes na prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados de longo prazo da hipertensão.
As principais barreiras incluem políticas de promoção da saúde frágeis (sobre fatores de risco como álcool, tabagismo, sedentarismo, sal e gorduras trans), acesso limitado a aparelhos de pressão arterial validados, ausência de protocolos de tratamento padronizados e equipes de atenção primária treinadas, cadeias de suprimentos pouco confiáveis e medicamentos caros, proteção financeira inadequada para os pacientes e sistemas de informação insuficientes para monitorar tendências.
Acesso
A medicação para pressão arterial é uma das ferramentas de saúde pública mais custo-efetivas. No entanto, apenas 7 de 25 (28%) países de baixa renda relatam disponibilidade geral de todos os medicamentos recomendados pela OMS, em comparação com 93% dos países de alta renda.
O relatório explora as barreiras e estratégias para melhorar o acesso a medicamentos para hipertensão por meio de melhores sistemas regulatórios, precificação e reembolso, aquisição e gestão da cadeia de suprimentos, e melhoria na prescrição e dispensação desses medicamentos.
“Existem medicamentos seguros, eficazes e de baixo custo para controlar a pressão arterial, mas muitas pessoas não conseguem obtê-los”, disse Tom Frieden, Presidente e CEO da Resolve to Save Lives. “Fechar essa lacuna salvará vidas — e economizará bilhões de dólares todos os anos.”
Progresso
O relatório aponta que Bangladesh, Filipinas e Coreia do Sul fizeram progressos significativos ao integrar o tratamento da hipertensão à cobertura universal de saúde (CUS), investindo em atenção primária e engajando as comunidades:
Bangladesh aumentou o controle da hipertensão de 15% para 56% em algumas regiões entre 2019 e 2025, incorporando serviços de tratamento da hipertensão em seu pacote de serviços essenciais de saúde e fortalecendo a triagem e o acompanhamento.
As Filipinas incorporaram efetivamente o pacote técnico HEARTS da OMS aos serviços comunitários em todo o país.
A Coreia do Sul integrou reformas de saúde, incluindo baixos custos para medicamentos anti-hipertensivos e limitação de taxas para pacientes, o que resultou em uma alta taxa de controle da pressão arterial em nível nacional: 59% em 2022.
A OMS apela a todos os países para que incorporem o controle da hipertensão nas reformas da cobertura universal de saúde. A implementação das medidas recomendadas no relatório poderia prevenir milhões de mortes prematuras e aliviar o enorme impacto social e econômico da pressão alta descontrolada. (Com informações do jornal O Globo)