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Prevista para chegar ao mercado em algumas cidades dos EUA este ano, tecnologia de quinta geração permitirá avanços como o carro autônomo e a casa conectada: 5G é a nova geração da internet

O leilão, promovido pela Anatel, aconteceu na semana passada. (Foto: Reprodução)

5G é o apelido dado à conexão móvel de quinta geração, sucessora do 4G. Prevista para começar a funcionar em algumas cidades dos Estados Unidos este ano, graças a operadoras como AT&T e Verizon, a tecnologia não apenas vai fornecer velocidades superiores (1 gigabit por segundo, dez vezes mais que os 100 megabits por segundo do 4G).

Ela também permitirá avanços como a internet das coisas, casa conectada e carro autônomo, por conta de propriedades como baixo gasto de energia e baixa latência – isto é, tempo de resposta rápido para a transmissão de pacotes de dados, vital para a segurança de um veículo sem motorista, por exemplo.

Para quem espera avanços significativos esse ano, porém, é melhor deixar as expectativas de lado: isso porque, mesmo nos EUA, o 5G estará disponível em alguns poucos bairros das grandes cidades. A previsão de analistas é que a cobertura só se torne eficiente daqui a um ou dois anos.

Em Las Vegas, o 5G virou sinônimo de “resposta mágica a todos os problemas” – para as fabricantes de eletrônicos, será com ajuda dessa nova tecnologia que os dispositivos da casa conectada, como geladeiras, máquinas de lavar, lâmpadas e sensores, conseguirão se comunicar de forma eficiente. Já as operadoras fizeram um jogo de empurra-empurra, cada uma dizendo que tem uma tecnologia mais eficiente e argumentando que a outra vai “enganar os consumidores”.

Mesmo assim, as discussões para o futuro não deixaram de acontecer. Há até, quem, inclusive, já esteja planejando como será o 6G, sistema de conexão que pode, daqui a mais ou menos uma década, substituir a tecnologia que chega agora.

Quântico

Executivos de empresas como Cisco, que fabrica infraestrutura para telecomunicações, e Boingo, que opera redes Wi-Fi em aeroportos e estádios, discutiram que o 6G poderá ser o primeiro passo de uma internet quântica. Explica-se: hoje, computadores e rede funcionam à base do sistema binário de comunicação – isto é, cada transistor ou pacote de dados processa um bit, unidade de informação que pode ser “0 ou 1”, “sim ou não”.

No entanto, com o avanço da tecnologia, os transistores presentes em processadores ficam cada vez menores, atingindo 10 nanômetros (a espessura de um fio de cabelo) ou menos. A redução, necessária para aumentar a capacidade de processamento ao longo do tempo, pode acarretar em breve uma consequência física: os transistores pararem de funcionar; de tão pequenos, deixam de obedecer às leis da física tradicional e passam a operar de modo quântico – podendo ser, ao mesmo tempo, “0”, “1” ou qualquer valor no meio do caminho. A internet, por sua vez, terá de se adequar às novas regras.

“Precisaremos repensar a internet como ela existe hoje”, disse Derek Peterson, diretor de tecnologia da Boingo. Isso porque os protocolos de transferência de dados, válidos na internet desde os anos 1960, precisarão ser reescritos. “Com isso, também temos a oportunidade de fazer códigos mais seguros e privados, um dos principais problemas da internet atual”, comentou Michael Beasley, diretor de tecnologia da Cisco, jogando luz sobre escândalos recentes de grandes empresas, como Facebook, Yahoo e a rede de hotéis Marriott, por exemplo.

“É uma tecnologia que ainda está longe, mas precisamos nos preocupar desde cedo para evitar que outros escândalos aconteçam”, destacou a jornalista Ina Fried, do portal americano Axios, responsável por moderar o debate. Além de propor uma solução com maior proteção de dados dos usuários, os participantes da discussão também levantaram aspectos técnicos do 6G – como a rapidez para sua transmissão de dados.

“Se precisamos do 5G para fazer um carro autônomo andar, precisaremos do 6G para conversar com uma espaçonave que vai a Marte”, destacou Peterson, da Boingo. “É melhor Elon Musk se preocupar com isso também”, brincou o executivo, fazendo referência ao empreendedor de Tesla e Space X, que pretende levar uma missão tripulada ao Planeta Vermelho nos próximos anos.

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