Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 5 de novembro de 2022
Principal liderança nacional do PSDB após ser reeleito governador do Rio Grande do Sul no domingo passado, Eduardo Leite defende que o partido faça oposição ao governo Lula e não descarta uma fusão ou a composição de uma nova federação partidária como alternativa dentro do processo de reconstrução dos tucanos. MDB, Cidadania e Podemos estão entre as siglas que podem fazer parte desta transição.
“Pretendo ir a Brasília na próxima semana para conversar com os líderes do partido para que a gente possa promover um alinhamento e definir os caminhos que serão trilhados, se será federação com algum partido, fusão ou criação de algo novo”, disse o governador reeleito ao jornal O Estado de S. Paulo.
Após governar o País duas vezes com Fernando Henrique Cardoso, o PSDB elegeu apenas 18 deputados federais na última eleição, já contando com os que entraram pelo Cidadania, que fez parte de uma federação com os tucanos. Como base de comparação, há quatro anos, o PSDB havia conseguido eleger sozinho 29 parlamentares.
Nos Estados, os tucanos perderam em São Paulo após 28 anos no poder e venceram no segundo turno no Rio Grande do Sul, em Pernambuco (com Raquel Lyra) e em Mato Grosso do Sul (com Eduardo Riedel). Essa nova geografia nacional do partido é o que faz de Leite, hoje, o principal nome da sigla com mandato e peso determinante no futuro da legenda.
“O resultado que se pretende é o fortalecimento de um campo no centro que esteja associado, seja na forma de uma federação ou, se possível, partindo para a criação de algo novo”, antecipou Leite. Para o gaúcho, é necessário “conciliar agendas, com visão arrojada de economia”.
A possibilidade de a sigla formar uma federação com outros partidos que estiveram juntos em apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) ao Palácio do Planalto já começou a ser discutida no mês passado entre os presidentes do PSDB, Bruno Araújo; do MDB, Baleia Rossi; do Cidadania, Roberto Freire; e do Podemos, Renata Abreu. Como Leite estava envolvido na disputa do segundo turno do governo gaúcho, agora é que ele passará a participar mais ativamente dessas conversas.
As federações exigem que as legendas aglutinadas atuem de forma conjunta, como se fossem uma só sigla, por no mínimo quatro anos. A união vale nos níveis federal, estadual e municipal.
Lideranças de MDB e Cidadania admitem publicamente a possibilidade de formar uma federação com o PSDB, mas o governador gaúcho vai além ao falar em uma possível fusão ou o que ele chama de “criação de algo novo”.
Na prática, pode ocorrer com os tucanos o mesmo que aconteceu com DEM e PSL, que viraram o União Brasil neste ano. Com a fusão, o novo partido passou a ter bancadas mais robustas na Câmara e no Senado e acesso à maior fatia do Fundo Partidário.
O movimento do PSDB, se concretizado, não seria o único pós-eleição. Pros e Solidariedade já anunciaram um acordo para a fusão das duas legendas, assim como PTB e Patriota.
Eduardo Leite lembra que esse novo momento pelo qual o PSDB está passando é reflexo das prévias do partido, nas quais ele foi derrotado pelo ex-governador de São Paulo João Doria para disputar o Palácio do Planalto, candidatura que acabou não se confirmando depois. Leite classificou São Paulo como “a força e a fraqueza do PSDB”. O gaúcho explicou que “pela força e pela economia que tem, São Paulo acabou drenando a atenção e as energias do partido para o projeto paulista, o que levou a uma maior dificuldade de abrangência nacional”.
Agora, com as vitórias nos governos de Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Sul, ele vê uma oportunidade de maior equilíbrio de forças dentro do partido, com uma presença regional mais bem distribuída. “A leitura sobre o que era melhor dentro do projeto de São Paulo acabou interferindo na decisão sobre a candidatura nacional. Não é uma crítica, não estou reclamando nem me queixando, é uma análise do que envolveu aquele processo de decisão”, justificou Leite.
Além de definir se o caminho do PSDB será federação com outros partidos, fusão ou criação de uma nova sigla, os tucanos terão de decidir nas próximas semanas qual será o posicionamento em relação ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Leite defende que o PSDB seja oposição. “Não me parece fazer sentido que o PSDB participe do governo Lula. Mas acho importante que seja uma oposição responsável, e não aquela que simplesmente procura impedir um governo de governar. Uma oposição que mantém independência e capacidade de criticar, mas dando sustentação à democracia.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.