Domingo, 20 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de dezembro de 2021
Poucas semanas depois de os Estados Unidos colocarem uma unidade do SenseTime Group em uma lista de empresas chinesas proibidas de receber investimentos americanos por supostas violações dos direitos humanos, o fundador do grupo, o professor Tang Xiao’ou, está prestes a se tornar uma das pessoas mais ricas do mundo.
A maior empresa de inteligência artificial da China fechou o preço de seu lançamento inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e vai estrear na Bolsa de Hong Kong nesta quinta-feira (30) com um valor de mercado equivalente a mais de US$ 16 bilhões.
Tang, que detém 21% da empresa, terá assim fortuna estimada em US$ 3,4 bilhões, segundo o índice de bilionários da Bloomberg.
Aos 53 anos e doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), universidade americana de prestígio, Tang é professor de engenharia da informação na Chinese University of Hong Kong. Procurado pela Bloomberg, um representante da SenseTime se recusou a comentar qual é o valor do patrimônio de Tang.
A SenseTime precisou adiar seu lançamento de ações depois de ter entrado numa lista de restrições para investimentos americanos. Washington alega que o software de reconhecimento facial da empresa é usado na opressão dos muçulmanos uigures, na região autônoma de Xinjiang, no oeste da China, que é alvo de perseguições pelo governo chinês.
A SenseTime afirma que as acusações são infundadas.
O IPO da SenseTime é o primeiro fora da China continental de uma grande empresa de tecnologia chinesa desde que a Didi Global, que no Brasil é dona do app 99, lançou ações na Bolsa de Nova York, em julho. Sob presão do governo chinês, a Didi já anunciou que vai deixar o mercado americano – e, segundo especulam analistas, pode abrir capital em Hong Kong, mesmo destino da SenseTime.
Tang há muito tempo estuda o desenvolvimento da inteligência artificial necessária para o reconhecimento facial. Ele estudou na Universidade de Ciência e Tecnologia da China, concluiu sua graduação na Universidade de Rochester, em Nova York, e obteve seu PhD no MIT em 1996, onde estudou robótica subaquática e visão computacional.
Ele trabalhou para a Microsoft por alguns anos antes de fundar a SenseTime em Xangai em 2014, junto com Xu Li, então um cientista pesquisador da fabricante de computadores chinesa Lenovo.
A empresa é hoje a maior em software de inteligência artificial da Ásia, com uma participação de mercado de 11%. A tecnologia é implantada em diversos serviços, inclusive para ajudar a polícia chinesa em investigações.
A receita da SenseTime aumentou 14% no ano passado para 3,4 bilhões de yuans (US$ 534 milhões), embora ainda registrasse um prejuízo operacional de 1,8 bilhão de yuans.
“As empresas de tecnologia em um estágio inicial ainda precisam investir mais em pesquisa e desenvolvimento para manter sua tecnologia competitiva”, avalia Kenny Ng, estrategista da firma de investimentos Everbright Sun Hung Kai. As informações são da agência Bloomberg.