Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de novembro de 2019
Em Hong Kong, milhares de pessoas voltaram às ruas neste sábado (2), para mais um dia de protesto. A jornada terminou com uma batalha contra a polícia: houve barricadas de fogo nas ruas e confrontos em estações de metrô.
Em Chater Garden, parque localizado no distrito central, o confronto entre manifestantes e polícia teve início quando ativistas atiraram coquetéis molotov nas ruas, em frente à sede do HSBC e do Banco da China.
Ativistas, muitos usando máscaras e guarda-chuvas para evitar o reconhecimento facial, usaram postes para construir barricadas perto do parque, há décadas um lugar tradicional para atos e vigílias.
“O povo de Hong Kong resiste”, eles gritavam. “É a revolução do nosso tempo.”
Muitos cantaram os hinos do Reino Unido e dos Estados Unidos, balançando bandeiras com múltiplas nacionalidades, enquanto alguns poucos pediam independência — um alerta vermelho para os líderes do Partido Comunista em Pequim.
A polícia usou gás lacrimogêneo contra as manifestações, tanto em Causeway Bay quanto no Victoria Park e Wanchai, distrito cheio de bares e lojas, onde muitas pessoas acompanhavam a final da Copa do Mundo de Rúgbi.
A manifestação foi feita um dia depois que a China alertou que não tolerará nenhuma mudança no sistema governamental e anunciou que reforçará o sentimento de patriotismo nesse território, que vive 22 fins de semana consecutivos de protestos, liderados principalmente por jovens.
Desde que as manifestações começaram, houve diversos casos de violência, que minaram a reputação do território como centro financeiro internacional e estão afetando sua economia. Na última semana, dados do governo confirmaram que Hong Kong entrou em recessão pela primeira vez desde a crise global de 2008.
Protestos no Halloween
A polícia de Hong Kong disparou gás lacrimogêneo para interromper os protestos antigovernamentais no distrito de Kowloon nesta quinta-feira (31), quando manifestantes mascarados se reuniam para em seguida se juntarem a pessoas que comemoravam o Halloween. Centenas de ativistas, muitos vestidos de preto e usando máscaras proibidas pelo governo, ajoelharam-se na via principal da Nathan Road, bloqueando o fluxo, e se esconderam atrás de guarda-chuvas.
Em seguida, quebraram postes de iluminação e arrancaram tijolos e outros detritos das ruas e fachadas das lojas, sempre protegidos pelas sombrinhas, um dos símbolos dos protestos. Diversos ativistas miravam com lasers a polícia, gritando “o povo de Hong Kong resiste”, enquanto outros construíam barricadas na rua com caixotes de lixo, assentos de plástico e outros detritos, uma tática que se tornou familiar nestes cinco meses em que os protestos se tornaram violentos.
Alguns usavam máscaras de Guy Fawkes — o soldado católico que tentou explodir o Parlamento da Inglaterra na Conspiração da Pólvora — e outros de palhaço. Houve também quem estivesse fantasiado de Coringa.