Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2022
Caminhoneiros bolsonaristas organizaram greve e novas interdições em estradas nesta sexta-feira (18), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar o bloqueio de contas de empresários suspeitos de financiar os atos antidemocráticos do início de novembro. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que novamente há obstruções em rodovias federais.
Na tarde de sexta, quatro vias tiveram o fluxo totalmente interrompido: duas em Rondônia, uma em Pernambuco e outra em Mato Grosso. Além dessas, havia 13 bloqueios parciais, sendo que Rondônia é o Estado que mais concentra atos, com 11 ocorrências. Não ocorreu obstruções em São Paulo. Dados da concessionária CCR Via Oeste, manifestantes ocuparam a rodovia Castelo Branco e causaram engarrafamento entre os quilômetros 19 ao 30.
Áudios que circulam em grupos bolsonaristas dão conta de caminhoneiros que sugerem “trancar” as rodovias e, inclusive, resistir à eventual ação policial. Os áudios sugerem obstruir vias em municípios de Mato Grosso, como Sinop e Campo Novo do Parecis.
O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotivos (Abrava), Wallace Landim (conhecido como Chorão), afirmou que a categoria não apoia os bloqueios, que, segundo ele, são planejados por uma pequena parcela de caminhoneiros. “Não é um movimento dos caminhoneiros, é uma ala extremista (…) está sendo cometido um crime”, disse.
Há, ainda, a suspeita de que os bloqueios estejam sendo encorajados pelos empregadores desses motoristas, no caso daqueles que trabalham para as empresas que tiveram suas contas bloqueadas pelo STF. Se confirmada, a prática caracteriza locaute e prevê responsabilização legal.
A Abrava admitiu acionar a Justiça para pedir indenização aos caminhoneiros autônomos que sejam impedidos de circular pelas rodovias. “Eu já ouvi caminhoneiro autônomo falando que ‘vai passar por cima’, isso é perigoso”, afirmou Chorão.
Controvérsia
Nos grupos de caminhoneiros, há controvérsia em relação à paralisação. Alguns entendem que estão sendo usados para outros interesses que não o do setor. Muitos não querem aderir aos protestos com medo de multas e também dos prejuízos que se acumulam.
Entre os que estão convocando a greve de agora, está o presidente da Cooperativa de Transportadores e Profissionais da Área de Logística e Transporte de Cargas de Sinop (Cooperlog), Cleomar José Immich. Em vídeo que circula nas redes sociais, ele chama os caminhoneiros para aderir ao movimento.
Ele alega que foi protocolado um documento para “cancelar as eleições”. O prazo para darem um posicionamento seria nesta sexta. “Se não tivermos resposta, temos de parar os caminhões até o STF julgar o assunto.” Ele e outro colega que fazem o vídeo pedem que os empresários deixem os caminhões no pátio para não tomar multa. “Deixem os caminhões em casa.”
Logo após a eleição, ainda no fim de outubro e início de novembro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) foram responsáveis por bloquear total ou parcialmente mais de mil trechos de rodovias federais e estaduais. Também tem sido comum que manifestantes façam protestos na entrada de comandos militares. Os atos são contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas e pedem que haja uma “intervenção federal” para impedir a posse do petista.
Desbloqueios
Os protestos desta sexta foram os primeiros bloqueios desde 9 de novembro quando, segundo a PRF, todas as rodovias federais tinham sido liberadas dos fechamentos totais e interdições parciais iniciados após a derrota de Bolsonaro na eleição presidencial. A corporação também informou que foram desfeitas 1.156 manifestações. Em 31 de outubro, o ministro Alexandre de Moraes determinou a identificação dos veículos que integram os atos antidemocráticos e fixou multa de R$ 100 mil por dia aos proprietários.