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Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2018
A multiplicação de candidatos de centro e de direita na corrida presidencial travou o crescimento de Geraldo Alckmin e levou o PSDB a começar o ano eleitoral com seu pior desempenho em 24 anos. Fatias do eleitorado tradicionalmente identificadas com os tucanos (renda mais alta, maior escolaridade e concentração na região centro-sul) foram ocupadas, até agora, por rivais como Jair Bolsonaro (PSC), Alvaro Dias (Podemos) e Marina Silva (Rede).
Alckmin apresentou resultados tímidos nesses segmentos e ficou estagnado em uma faixa de 6% a 11% das intenções de voto totais na pesquisa do Datafolha divulgada na última quarta-feira (31).
Os números representam a pior estreia do PSDB na corrida presidencial desde 1994, quando Fernando Henrique Cardoso apareceu nas primeiras pesquisas do ano no patamar de 8% a 10%. Nas eleições seguintes, os candidatos tucanos estrearam com percentuais maiores — o mais baixo deles foi o de Aécio Neves, em 2014 (14% a 17%).
A estagnação de Alckmin é motivada pela divisão entre vários candidatos do eleitorado que os tucanos pretendem conquistar nessa campanha.
Uma das principais dificuldades apontadas pela equipe do governador paulista é o desempenho do senador Alvaro Dias (Podemos). Ex-tucano, ele bateu 5% das intenções de voto e chega a 16% na região Sul — onde Alckmin tem seu pior desempenho regional (5%).
Para aliados do governador paulista, Dias dominou um eleitorado que votou no PSDB em eleições anteriores e poderia turbinar, desde já, o crescimento de Alckmin nas pesquisas.
O tucano também é superado por Jair Bolsonaro em grupos onde esperava obter apoio, como o eleitorado com curso superior e renda mais alta. Nesses segmentos, o desempenho do deputado do PSC fica acima da média e a rejeição a Alckmin sobe.
Entre eleitores com ensino superior, 35% dizem que não votariam no tucano “de jeito nenhum”. Esse percentual é menor nos grupos que concluíram o ensino fundamental (23%) ou o ensino médio (24%).
Tucanos acreditam que esses números são resultado de um desconhecimento do nome de Alckmin entre eleitores com menos anos de escolaridade, mas admitem que o bom desempenho de Bolsonaro nesses segmentos atrapalha o governador paulista.
Alckmin ainda disputa uma parte do eleitorado com Marina Silva, principalmente em grupos de menor renda e de municípios do interior. Auxiliares do tucano acreditam que o governador pode disputar votos com a ex-senadora entre eleitores religiosos que têm posição conservadora em alguns aspectos morais.
Torcida
O PSDB torce para que Lula não seja preso. Na avaliação de integrantes da cúpula do partido, a detenção do petista não levará multidões às ruas —mas pode gerar “ressentimento” e aumentar a imprevisibilidade da campanha eleitoral, informa a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna no jornal “Folha de S.Paulo”.
A situação poderia favorecer, por esse raciocínio, o surgimento de um “outsider” na eleição que atropele de vez o candidato tucano, Geraldo Alckmin, hoje com 8% na pesquisa Datafolha. A abstenção também poderia aumentar. Já Fernando Henrique Cardoso tem falado sobre a necessidade de “serenidade”, sem dar muita importância, no entanto, à prisão. O ex-presidente tem mantido canais com setores do PT. Ele e Fernando Haddad se encontraram nesta semana para uma conversa que varou a madrugada.