Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2023
A polarização entre PT e PL no cenário político nacional contribuiu para uma alta de 10% no número de filiados em quatro anos. Esse porcentual está acima da evolução total do eleitorado inscrito em alguma legenda, que aumentou 1% no período. O ritmo de crescimento, no entanto, é menor do que o de oito partidos; outros 13 perderam filiados.
Em termos proporcionais, quando se compara a base atual em relação ao tamanho que tinham em 2019, siglas menores ganham destaque na lista. Rede e PSOL, atualmente federados, tiveram um ritmo de crescimento acima de 50%. Já o Novo conta com uma base 27% menor em relação à que tinha há quatro anos, no pior resultado proporcional medido no levantamento.
Para a presidente do PSOL, Paula Coradi, apesar da aliança com o PT, o partido cresceu em função da capacidade de mobilização contra Bolsonaro, da adesão de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da agenda de defesa das mulheres, da comunidade LGBT+, das populações negra e indígena e do meio ambiente.
Recordista em novos integrantes, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva expandiu a base principalmente em Pernambuco, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL, teve acréscimo na Região Sul.
O levantamento comparou a evolução do número de filiados aos partidos políticos no Brasil entre os meses de novembro de 2019 e de 2023.
Ânimo
Do lado de quem ganhou militantes, o resultado anima para as eleições de 2024. Em Pernambuco, o PT espera ampliar o número de prefeituras das atuais cinco para pelo menos 20. “Queremos aproveitar o potencial do presidente Lula, por ele ser daqui (Lula nasceu em Caetés, no interior do Estado), e as ações que o governo federal vem fazendo”, afirmou o deputado estadual Doriel Barros, presidente da sigla em Pernambuco.
O PT está confiante em conquistar, por exemplo, Jaboatão dos Guararapes, o segundo maior município, com Elias Gomes, ex-prefeito da cidade que trocou o MDB pelo PT. O principal adversário deve ser o atual prefeito, Mano Medeiros (PL). Segundo Barros, o ganho de filiados se deve a uma mobilização nos sindicatos e à abertura de diretórios municipais antes da eleição geral de 2022.
Em baixa
O Novo foi o partido que mais encolheu em termos porcentuais em quatro anos. Presidente da sigla, Eduardo Ribeiro atribui o desgaste à atuação do empresário João Amoêdo. Segundo Ribeiro, diretórios municipais teriam ficado frustrados com os critérios para lançar candidatos para as prefeituras em 2020, priorizando cidades com ao menos 300 mil habitantes. Segundo ele, o partido está novamente em um “crescimento exponencial” de filiados, com o ganho de 4 mil eleitores em 2023, do total de 35 mil que tinha em novembro. A aposta do momento é o ex-procurador Deltan Dallagnol, que teve o mandato de deputado cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e hoje atua como “embaixador” do partido para as eleições de 2024.
Pior desempenho
Do grupo, a legenda com pior desempenho no período foi o União Brasil – saldo negativo de 276 mil eleitores em relação a DEM e PSL somados em 2019. O partido que tem como estrela o senador Sérgio Moro (PR) foi criado em fevereiro de 2022, meses depois de Bolsonaro deixar o PSL. A direção nacional não respondeu aos pedidos de entrevista.
Outros partidos que encolheram, de modo menos acentuado, foram MDB, PSDB, PRD e PDT. Os tucanos passam por uma crise depois de perderem o protagonismo nas disputas presidenciais e o governo de São Paulo pela primeira vez em 28 anos. Seu último presidente da República eleito foi Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002.
Ex-governador de Goiás e atual presidente da sigla, Marconi Perillo admitiu que a crise interna afeta essa adesão. Já o MDB sustenta que a perda de filiados não é um reflexo do desempenho do partido, mas do envelhecimento dos inscritos. “O problema do MDB é RG antigo. Tivemos o boom de filiação na década de 80 e a grande maioria dos nossos filiados tem mais de 60 anos”, afirmou o deputado Baleia Rossi (SP), presidente nacional da sigla.
