Brasil PT livra Lula de depor na CPI, mas insiste em convocar Aécio
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2015
Após uma sessão marcada pela forte obstrução do PT para evitar a convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a CPI da Petrobras não conseguiu concluir na quinta-feira a votação de 59 requerimentos (entre 54 convocações previstas inicialmente, audiências públicas, solicitações de informações e documentos, além de visitas técnicas).
Ao total, foram chamadas a depor 42 pessoas e apreciados 46 requerimentos. Não houve tempo para discutir a inclusão das convocações de Lula e Janot na pauta. A sessão deliberativa foi interrompida por causa do início das votações em plenário quando era discutida a oitiva da viúva do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), Stael Fernanda Janene.
A viúva enviou recado dizendo que gostaria de colaborar porque o doleiro Alberto Youssef estaria “mentindo” em sua delação. “Tenho a impressão de que o desejo dela é resgatar a memória dele [José Janene]”, defendeu o peemedebista Celso Pansera (RJ). Janene morreu em 2010 e é apontado nas investigações da Operação Lava-Jato como articulador da origem do esquema de corrupção na companhia petrolífera.
Entre os depoentes considerados fundamentais no pacote de requerimentos aprovados na quinta-feira estão João Carlos de Medeiros Ferraz (Comperj), Rafael Angulo Lopez (que fazia entrega de dinheiro em nome de Youssef), Leonardo Meirelles, do laboratório Labogen, e o presidente do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Antonio Gustavo Rodrigues.
Os deputados também colheram o depoimento de Renato Sanches Rodrigues, diretor de Operações e Participações da Sete Brasil. A oitiva integra o roteiro de trabalho da sub-relatoria da CPI da Petrobras para investigação de irregularidades no funcionamento da empresa. Ele disse que a crise financeira pela qual a Sete Brasil passa foi causada em decorrência da Lava-Jato. O executivo seria ouvido inicialmente na semana passada, mas apresentou um atestado médico e não compareceu. Rodrigues depôs na qualidade de testemunha.
Requerimento – A liderança do PT na Câmara dos Deputados comunicou ainda que vai apresentar um requerimento na CPI da Petrobras para convocar a deporem os senadores da oposição Aécio Neves (PSDB-MG), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Agripino Maia (DEM-RN). O documento menciona os nomes de cinco membros petistas na CPI, entretanto, a cópia distribuída pelo partido à imprensa inclui subscrições de três: Valmir Prascidelli (PT-SP), Afonso Florence (PT-BA) e Jorge Solla (PT-BA).
Segundo texto distribuído pela assessoria da legenda, Aécio e Dias poderiam explicar o relato feito pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que contou à força tarefa da Lava-Jato, em Curitiba (PR), que 10 milhões de reais foram pagos por volta de 2010 ao então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), morto em 2014, para que fossem barradas investigações da CPI da Petrobras daquele ano.
“A oitiva do senador Aécio Neves é fundamental para que esta CPI possa elucidar os atos de corrupção que foram efetivamente praticados, os agentes corruptores, os beneficiários e o modus operandi utilizado, ao mesmo tempo em que possibilitará ao referido depoente defender a agremiação que preside de tais alegações”, justifica a representação assinada pelos petistas membros da comissão.
Sobre Maia, a liderança do PT faz referência a afirmações feitas por um empresário do Rio Grande do Norte, George Olímpio, que, segundo o partido, disse em averiguação do Ministério Público ter repassado ao senador 1 milhão de reais “para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular, investigado pela Operação Sinal Fechado, do Ministério Público daquele Estado”. Na cópia do requerimento distribuído à imprensa, porém, não há nenhuma explicação sobre o pedido de convocação de Maia na CPI.
