Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2018
O PTC (Partido Trabalhista Cristão) bateu o martelo e decidiu não lançar o ex-presidente e senador por Alagoas Fernando Collor de Mello como candidato à Presidência da República.
Em nota divulgada no último dia 20, o presidente do partido Daniel Tourinho divulgou que a decisão havia sido tomada pela executiva nacional do partido. A ideia era que a posição fosse referendada na convenção do partido, marcada para este sábado (27), em um hotel no Rio, mas a reunião foi remarcada para o próximo dia 5.
A sigla definiu na semana passada que o foco deste ano será superar a cláusula de barreira, ao obter nas disputas a deputado estadual mais de 1,5% dos votos válidos nacionalmente. O objetivo seria assegurar a “sobrevivência do partido”, que teria acesso ao Fundo Partidário e direito a utilizar o horário gratuito de rádio e televisão.
O PTC liberou seus diretórios estaduais a buscarem alianças regionais e não deu detalhes sobre qual nome irá apoiar na disputa pela presidência.
Reeleito a senador por Alagoas em 2014, Collor tem mandato a cumprir até 2022. Collor foi eleito presidente do Brasil em 1989 pelo PRN, mas renunciou em 1992 antes do fim do julgamento de seu impeachment pelo Senado.
Collor havia se lançado pré-candidato à presidência em janeiro passado durante entrevista a uma rádio na cidade de Arapiraca, em Alagoas. Na ocasião, se apresentou como opção de centro ao eleitor.
“Esse centro está muito vazio e eu acredito que, por que não poder postular em nome do Partido Trabalhista Cristão uma candidatura à Presidência da República?”, disse à época.
Collor ainda não se pronunciou sobre a decisão do PTC de não levar adiante sua candidatura.
“O poder é cruel”
Depois do impeachment, em 1992, o ex-presidente Fernando Collor (PTC), 68, hoje senador na metade do segundo mandato, disse recentemente em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que foi castigado pelo poder por não ter sabido exercê-lo com maestria. A afirmação foi antes da candidatura ser descartada.
Na entrevista ele negou, porém, que tenha errado ao determinar o confisco da poupança. Disso diz não se arrepender.
Segundo o senador, houve “distorções” em relação aos fatos. Conforme Color, que critica o termo “confisco da poupança”, o que houve foi um “bloqueio do dinheiro que circulava na economia”.
“A inflação estava em 82% ao mês. Havia instrumentos de especulação financeiros danosos, tínhamos que criar um ambiente em que pudéssemos fazer um congelamento de preços, que é algo terrível, uma medida que a gente deve evitar o quanto possível. Foi um equívoco? Era uma necessidade absoluta. Se voltando àquele momento, faria do mesmo jeito”, afirmou.
Ele também criticou o impeachment. “Fui retirado da Presidência na suposição de que as acusações que me faziam fossem verdadeiras”, disse o ex-presidente. “A ideia não era somente me afastar da vida pública por algum tempo. Era me destruir. Me destruir fisicamente, me acabar, acabar comigo. Dois anos depois, o Supremo me declarou inocente”, lamentou.
Collor também falou sobre Lula e a Lava-Jato. De acordo com o senador, há injustiças contra o também ex-presidente e adversário político. “Foram cometidas injustiças em relação a ele. Eu acho, eu acho, eu acho, eu acho. Injustiças. O processo como um todo. Ele está sendo muito penalizado e isso eu não acho bom, sabe? A Justiça mudou o entendimento de corrupção”, afirmou.
Sobre a atuação da Justiça, afirmou que a operação é necessária, mas que é contra a forma. “A Justiça, essa operação [Lava-Jato] é necessária. O que sou contra é a forma. O delator é premiado para declarar aquilo que os procuradores desejam ouvir. Os vazamentos são criminosos, o excesso de pena”, declarou.