Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2025
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu nessa quarta-feira (17) que tomará mais territórios se a Ucrânia e líderes da Europa, chamados por ele de “porquinhos”, não dialogarem sobre os termos do acordo de paz elaborado pelos Estados Unidos. Na véspera, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia anunciado que uma nova versão da proposta será apresentada a Moscou “em dias”.
“Se o lado oposto e seus patrocinadores estrangeiros se recusarem a participar de discussões substanciais, a Rússia conseguirá a libertação de suas terras históricas por meios militares”, disse ele durante uma reunião anual do Ministério da Defesa do país.
Vladimir Putin negou que tenha intenção de atacar a Europa e chamou a preocupação de “histeria” em pronunciamento nesta quarta-feira (17). “No Ocidente falam em se preparar para uma grande guerra, e o nível de histeria está aumentando. As declarações sobre uma ameaça russa são mentiras. Buscamos cooperação mútua com os Estados Unidos e os Estados europeus”, afirmou o russo em um evento do Ministério da Defesa.
O ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, também criticou os líderes europeus e, ao falar sobre o avanço de suas tropas no território ucraniano, disse que “a Europa está prolongando o conflito” e que, por isso, a “ação militar deve continuar até 2026”.
Putin também falou sobre as negociações de paz com a Ucrânia. Não revelou o que achou das novas propostas dos EUA, mas garantiu que não abrirá mão dos objetivos que deram início à guerra na Ucrânia, que ele chama de “operação militar especial” desde a invasão do país vizinho em 2022. “Todos esperavam destruir a Rússia em pouco tempo, que a despedaçassem. Os porquinhos europeus imediatamente se uniram aos esforços da administração anterior dos EUA buscando lucrar com o colapso do nosso país, recuperar o que havia sido perdido em períodos históricos anteriores, vingar-se. Como ficou óbvio para todos, todas essas tentativas e planos destrutivos contra a Rússia fracassaram completamente. Os objetivos da operação militar especial serão alcançados. A Rússia libertará seu território por meios militares se a Ucrânia e seus líderes abandonarem o diálogo”.
Belousov ainda rebateu as acusações e afirmou acreditar que é a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que busca guerra. “O aumento do orçamento militar da Otan mostra que ela está se preparando para um conflito com a Rússia”.
As declarações do governo russo ocorrem um dia após países da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia assinarem uma declaração conjunta afirmando que é necessária uma priorização “imediata e urgente” da segurança e das capacidades defensivas do flanco leste do bloco europeu frente à ameaça representada por Moscou.
Segundo o documento, elaborado por oito países da UE —Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Bulgária -, o ambiente de segurança do leste europeu “mudou de forma irreversível” nos últimos anos por conta da guerra da Ucrânia e de ataques híbridos realizados por Moscou, o que exige uma rápida adaptação.
“A Rússia é a ameaça mais significante, direta e de longo prazo à nossa segurança e à paz e estabilidade na região Euro-Atlântica. A guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e suas repercussões constituem uma ameaça profunda e duradoura à segurança e estabilidade europeias. (…) Há uma clara necessidade de fortalecer as capacidades de defesa da UE, a segurança das fronteiras e o preparo para crises”, afirmaram os países.
Todos os países signatários da declaração dividem alguma fronteira com a Rússia, seja terrestre (com a Rússia continental ou o exclave de Kaliningrado) ou marítima. Outras nações europeias vizinhas aos russos e que ficaram de fora da declaração incluem Belarus, que apesar de ser da UE é um aliado de Putin, e a Ucrânia, que não pertence ao bloco e sofre invasão russa desde 2022.
A publicação do comunicado, elaborado após uma cúpula de segurança na capital finlandesa Helsinki nesta terça, reflete a insegurança dos países europeus com sua segurança no médio e longo prazos em meio a perspectivas negativas nas negociações pelo fim da guerra da Ucrânia.