Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de dezembro de 2023
Embora 2023 tenha sido um ano marcado pelo começo do corte dos juros no Brasil, a Selic ainda em patamares altos manteve o interesse dos investidores pela renda fixa. Não à toa, durante todo este ano, os CDBs foram os ativos mais procurados em todos os meses do ano, segundo o buscador de investimentos Yubb. Os títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto e as letras de crédito imobiliário (LCIs) e as letras de crédito do agronegócio (LCAs) completaram o top 3. No entanto, na comparação com dezembro do ano passado, alguns ativos de renda variável subiram nessa lista, o que mostra que os investidores estão tentando se arriscar mais. Mas ainda com parcimônia.
O levantamento do Yubb é feito mensalmente e mostra quais são os investimentos que as pessoas mais procuram. Segundo dados coletados pela plataforma, quatro dos cinco primeiros lugares do ranking anual são ocupados por ativos de renda fixa. A única exceção ficou por conta dos fundos multimercados, que ocupam a quarta posição e se apresentam como uma forma de o investidor aumentar sua exposição ao risco, mas com cautela. Isso porque essas carteiras permitem que na mesma cesta o investidor esteja exposto tanto a ativos de renda fixa, como também de renda variável.
Comparado com a lista dos investimentos mais procurados de dezembro do ano passado, pode-se dizer que há algumas mudanças, com ativos de renda variável subindo algumas posições no ranking.
Há um ano, por exemplo, o primeiro ativo de renda variável que aparecia no ranking eram os fundos de investimento imobiliário (FIIs) na quinta posição. As ações apareciam em sexto, os fundos multimercados em sétimo, os fundos de índices (ETFs) em oitavo e os fundos de ações em nono.
Ao longo de 2023, porém, os multimercados deram as caras logo em quarto lugar, o que evidencia a estratégia dos investidores de “apimentar a carteira”, mas sem se arriscar tanto, justamente pelo cenário instável.
Além da subida dos multimercados, outras movimentações na lista evidenciaram que o apetite ao risco apareceu, ainda que tímido. As ações permaneceram em sexto lugar, mas os fundos de ações saíram do nono para o oitavo lugar e as criptomoedas, que antes nem figuravam na lista, passaram a ter um lugar no ranking, ocupando a décima posição.
Lista
Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) ocupam a primeira colocação da lista dos mais procurados desde dezembro do ano passado. Em segundo lugar estão os títulos públicos (Tesouro Direto), seguido das letras de crédito imobiliário (LCIs) e as letras de crédito do agronegócio (LCAs). Os Fundos multimercados ocupam a 4ª posição, e as letras de câmbio (LCs) e os Recibos de Depósito Bancário (RDBs) o 5ª lugar. Em seguida estão as ações de empresas (6º), fundos imobiliários (7º), Fundos de ações (8º), Debêntures (9º) e Criptomoedas (10º).
Mudança na lista
As mudanças na lista dos mais procurados se devem, especialmente, à mudança de cenário. À medida que os juros foram cedendo por aqui, os investidores passaram a buscar alternativas além da renda fixa. No entanto, esse movimento foi feito com uma certa cautela, especialmente devido ao senso de oportunidade. Isso porque a Selic só começou a cair em agosto e, mesmo após sucessivos cortes, ela segue em patamares elevados. Com isso, a rentabilidade dos produtos mais conservadores dessa classe continuou atrativa.
Ainda assim, a renda variável surpreendeu, especialmente no fim do ano. Após dados econômicos dos Estados Unidos mostrarem que a inflação poderia estar sob controle por lá, investidores já passaram a apostar que os juros nos Estados Unidos devem cair mais cedo do que o esperado. Com isso, os investidores passaram a acreditar que o rendimento dos títulos públicos norte-americanos (que ficaram altos por conta dos juros maiores e atraíram investidores) também diminuiria e saíram em busca de mais risco. A bolsa brasileira, inclusive, foi uma das escolhidas. Não à toa, em novembro o Ibovespa chegou ao seu melhor desempenho para o mês em três anos.
É bem verdade, porém, que a busca forte por multimercados não foi o único indício de que o apetite ao risco estava voltando. As criptomoedas, por exemplo, nem estavam na lista dos mais procurados em dezembro do ano passado e ao longo de 2023 elas entraram no ranking.