Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2023
Um grupo de pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, determinou três perfis distintos de masculinidade após realizar um estudo com homens heterossexuais e cisgêneros de 14 países. A análise foi publicada em 5 de agosto no periódico Science Direct.
Os autores chegaram a esses perfis após realizar entrevistas com 92 indivíduos de idades entre 19 e 43 anos. Nas conversas, os participantes compartilharam suas experiências e perspectivas sobre relacionamentos íntimos com mulheres.
“Nós nos propusemos a entender como diferentes tipos de masculinidades moldam os relacionamentos dos homens e sua saúde mental. O que descobrimos foi que esses tipos masculinos estavam associados a diferentes benefícios e desafios”, observou John Oliffe, professor de enfermagem na UBC e primeiro autor do estudo, em comunicado.
Os perfis descritos pelos pesquisadores são: neotradicionalista, progressivo e igualitário.
O neotradicionalista está relacionado a indivíduos que seguem amplamente os papéis tradicionais de gênero, como a ideia de que o homem é o provedor e o protetor no relacionamento, e que à mulher cabem as tarefas domésticas.
A porcentagem dos participantes do estudo que se encaixaram nessa descrição foi de 24% (22 indivíduos). Segundo os pesquisadores, muitos dos membros desse grupo tendem a confundir igualdade de gênero com equidade de gênero.
Já o perfil progressivo envolveu 26% dos homens entrevistados (24 entrevistados). Esses se concentram na equidade de gênero e justiça social, e verificam seus próprios privilégios para operar de forma mais justa em seu relacionamento e na sociedade.
O perfil igualitário foi o mais comum entre os participantes – 46 pessoas, ou 50%. Esses homens idealizam contribuições iguais (50% por 50%) e reciprocidade em seus relacionamentos, nos quais contagens são frequentemente usadas para avaliar os esforços e contribuições relativos de cada parte da relação.
Apesar disso, a pesquisa descobriu que alguns dos homens que se aproximavam do estilo igualitário ainda tinham dificuldade para entender o conceito de alcançar a igualdade de gênero por meio da divisão das tarefas domésticas estritamente em 50-50.
“Essas mudanças e tensões têm implicações para a saúde mental”, diz Oliffe. “Para promover mudanças significativas, precisamos abordar as estruturas que influenciam os comportamentos dos homens.”
Oliffe também observa que os homens que promovem ativamente a equidade de gênero e a justiça social relataram melhoras no bem-estar mental; mas aqueles que vão contra essas ideias podem enfrentar o isolamento ou críticas de outras pessoas, o que afeta sua saúde mental.
“Embora os homens estejam se envolvendo mais na promoção da equidade de gênero, pouco se sabe sobre como os mais jovens trabalham para construir parcerias em suas vidas privadas”, observa o professor da UBC. “Com esta pesquisa, esperamos ter ajudado a mapear esse espaço desconhecido e apontar um caminho a seguir para relacionamentos mais saudáveis que promovam a saúde dos homens, suas parceiras e famílias.”
Com o intuito de compartilhar suas descobertas, a equipe de Oliffe também criou uma exposição de fotos online chamada Men Building Intimate Partner Relationships (“homens construindo parcerias íntimas”, em tradução livre), com 120 fotografias enviadas pelos participantes do estudo representando os três perfis de masculinidade.
No site da exposição, internautas ainda podem fazer um teste para determinar quais imagens combinam com cada grupo apontado pelo estudo. “Não estamos apenas destacando os resultados de nossas pesquisas, mas também solicitando informações dos visitantes sobre como eles se veem – e como constroem a equidade de gênero em seus relacionamentos íntimos”, diz Nina Gao, gerente do programa de pesquisa sobre saúde masculina na UBC.
