Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de setembro de 2015
Os juros cobrados pelos bancos dos tomadores estão subindo desde outubro de 2014, segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças). Junto com a elevação dos custos financeiros por quase 12 meses consecutivos cresceu a inadimplência – avanço de 16,9% entre janeiro e agosto, comparativamente a igual período de 2014, conforme os dados da Serasa Experian. A combinação dos dois fatos ajuda a explicar a deterioração da atividade econômica, pois nem as empresas se animam a levantar capital de giro para ampliar negócios ou para investir nem as pessoas físicas se endividam. Ambas temem que falte capacidade para honrar as dívidas.
Entre março de 2013 e o mês passado, os juros médios cobrados das empresas pelos bancos passaram de 43,58% ao ano para 61,77% ao ano. O custo das contas garantidas chegou aos 6,99% ao mês, bem acima dos juros do capital de giro e do desconto de duplicatas.
Mais expressivos foram os aumentos dos juros para as pessoas físicas, que variam do mínimo de 28,93% ao ano nas operações de CDC dos bancos, ao máximo de 350,79% ao ano no cartão de crédito. A taxa média cobrada de pessoas físicas foi de 7,14%, a maior desde julho de 2009.
Juros e tributos em alta reduzem a renda disponível das famílias e elevam o risco de inadimplência, observou o diretor econômico da Anefac, Miguel de Oliveira. As linhas do cartão de crédito e do cheque especial são as mais gravosas. O aumento da inadimplência é a justificativa dos bancos para continuar elevando os juros. É o que espera Oliveira para os próximos meses. A questão são os efeitos dessa política.
Os atrasos foram maiores nas dívidas não bancárias (+22,5% neste ano, em comparação com igual período de 2014), mas também aumentou o valor médio dos cheques sem fundos, de 1.715,50 reais para 1.882,47 reais (+9,7%). A evolução foi mais lenta no caso das dívidas com bancos (+1,4%, para 1.282,87 reais) e caiu 2,9% em títulos protestados.
Os consumidores parecem dispostos a evitar ao máximo entrar nas listagens negativas dos serviços de proteção ao crédito ou deixar de pagar os empréstimos bancários para não perder o crédito. (AE)