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Brasil Quase 50% dos jovens brasileiros têm interesse em ingressar nas Forças Armadas

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As mudanças vêm na esteira de outras trocas de militares no Executivo. (Foto: Reprodução)

Um número surpreendentemente alto de jovens pretende atualmente ingressar nas Forças Armadas ou Polícia Militar. Uma pesquisa inédita revela que 43,9% dos brasileiros entre 16 e 26 anos avaliam seguir uma carreira militar. As Forças Armadas são as que mais atraem interessados: 47,5%.

Entre os homens, o percentual dos interessados em entrar para Marinha, Aeronáutica ou Exército chega a 50,5%. Entre mulheres, ele é de 44,9%.

A pesquisa ouviu 2.055 pessoas em todas as regiões do país e foi feita pela Universidade de Oxford (Inglaterra), o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, da USP (Universidade de São Paulo), e as universidades federais de São Carlos (UFSCar), Minas Gerais (UFMG) e Pernambuco (UFPE).

A antropóloga Andreza de Souza Santos, professora da Universidade de Oxford, aponta três fatores para o grande interesse dos jovens nas carreiras militares: desejo de estabilidade, desilusão generalizada com o mercado de trabalho e o elevado pragmatismo da nova geração, que elenca alimentação e salário como prioridades em vez de “felicidade e realização pessoal”.

Ou seja, o estudo mostra que os jovens não procuram carreiras militares para serem felizes profissionalmente, mas por enxergarem nessa escolha um caminho para fugir da pobreza, garantir o próprio sustento e ter um emprego vitalício, diante de um cenário de poucas oportunidades.

Mas a grande presença militar no governo pode ter jogado maior holofote sobre essa carreira também. Atualmente, mais de 6 mil militares ocupam cargos de confiança no Executivo, o que representa 18% do total dos postos disponíveis.

“No governo Jair Bolsonaro, houve um aumento da representação dos militares em cargos comissionados e também um aumento do aporte financeiro às Forças Armadas. Isso pode gerar a percepção de uma carreira em valorização, além de estável”, diz Andreza, ressalvando, porém, que os dados da pesquisa apontam que o maior motor do interesse dos jovens pelas carreiras militares é financeiro, não ideológico ou vocacional.

Busca por estabilidade

A prolongada crise financeira no Brasil, iniciada em 2014, aliada à pandemia do coronavírus, parece ter tido impacto profundo nas prioridades da geração atual de jovens.

Com a alta taxa de desemprego e empresas fechando as portas durante a pandemia de covid, muitos jovens passam a colocar estabilidade à frente de realização profissional, diz a antropóloga.

“Se na minha geração, de nascidos nos anos 80, muitos de nós falávamos em entrar para universidade, em carreiras na iniciativa privada e empreendedorismo, agora muitos procuram opções que garantam estabilidade. É aí que entram as carreiras militares”, explica a profissional.

“A informalidade e o empreendedorismo individual perderam um pouco de impulso durante a pandemia, porque você viu os riscos, a dificuldade que é você não poder trabalhar e não ter um salário fixo, não ter uma pensão, não ter um plano de saúde atrelado. Procura por universidades também perdeu força e tivemos uma das menores taxas de inscritos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)”, completa.

Falta de perspectiva

Essa grande busca por estabilidade se explica por uma sensação generalizada de falta de oportunidades, explica Dalson Britto Figueiredo Filho, professor da UFPE e um dos autores do estudo.

A pesquisa captou uma forte sensação de desilusão entre os jovens sobre suas possibilidades profissionais – 67,3% consideram a oferta de empregos em suas cidades baixa, muito baixa ou nenhuma. No Nordeste, essa percepção negativa quanto às oportunidades de trabalho é compartilhada por 75,9% dos jovens.

“De acordo com nossos resultados, a falta de perspectiva econômica é um dos principais fatores que explicam o interesse dos jovens brasileiros pelas carreiras militares. Quando questionados sobre a oferta de empregos, dois em cada três respondentes acreditam que a quantidade de empregos é baixa ou muito baixa”, diz Figueiredo Filho.

Pragmatismo

Outro fator que parece impulsionar a procura por carreiras militares é o pragmatismo da geração atual de jovens entre 16 e 26 anos. A pesquisa revela que eles não buscam “felicidade e realização pessoal” ao pensar nas Forças Armadas ou PM, mas sim “alimentação, remuneração e estabilidade”.

“Perguntamos a 2.055 jovens brasileiros quais as razões para ingressar na carreira militar. Para cada item, o respondente poderia atribuir valores de 1 (nada importante) até 5 (muito importante). Alimentação (4,1), Remuneração (3,99) e Emprego/Estabilidade (3,96) lideram o ranking de prioridades”, diz Figueiredo Filho.

“Por outro lado, a felicidade e realização profissional aparecem na última posição, com média de 3,26.”

Para o pesquisador, isso evidencia que “as motivações para seguir a carreira militar no Brasil são predominantemente econômicas.”

“O jovem vai porque precisa e não porque espera se realizar profissionalmente nessa modalidade de trabalho. É, antes de tudo, uma questão de subsistência material e não de realização subjetiva pessoal”, avalia o professor de Ciência Política da UFPE.

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