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Saúde Quase 50% dos jovens em seus ambientes de trabalho sofrem com o bullying

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Para psicóloga do trabalho, “o bullying pode ser o início de um assédio”.

Quem observa a gerente de recursos humanos de uma empresa de tecnologia comandar com segurança sua equipe de 12 homens e quatro mulheres não imagina as provações já vividas em sua carreira. Quando ainda tinha 21 anos, ela, que prefere não ser identificada, recebeu uma promoção na metalúrgica onde trabalhava por meio de um processo seletivo. A missão era chefiar mais de cem homens formados em engenharia e mais velhos do que ela. Foi um quase desastre.

“Quando viram uma mulher e, ainda por cima, mais nova assumindo o cargo, começaram logo com piadas e provocações. Falavam que eu não tinha que estar ali, mas em uma passarela ou fazendo book. Comentavam que minhas mãos eram muito delicadas para entender de máquina e, quando eu ia com uma calça mais justa, ficavam comentando e dando risadinhas”, recorda-se ela, dizendo que a parte mais difícil era quando menosprezavam sua inteligência.

“Como ainda não tinha terminado a faculdade, faziam perguntas difíceis na frente dos outros, tentando demonstrar que eu não tinha conhecimento sobre o trabalho, e procuravam defeito em tudo o que eu fazia.” Depois de um mês passando por isso, ela quis entregar o cargo. Foi impedida por seus superiores, que acreditavam no seu potencial e reuniram a equipe para tomar as medidas cabíveis. As brincadeiras cessaram, e sua carreira seguiu em frente. Mas, nem sempre é assim.

Em uma pesquisa feita com 4.909 estudantes entre 15 e 26 anos pela agência recrutadora de estágios e aprendizes Nube, 49,52% deles revelaram sofrer bullying (classificado como brincadeiras de mau gosto e perseguições) em seu local de trabalho. Muitas vezes, vindo de seus pares.

“Isso é comumente tratado como uma brincadeira, mas não é bem assim. Pode até adoecer as pessoas. E os jovens são os mais vulneráveis. É comum ter aquele colega de trabalho que menospreza a idade e a roupa dele ou o põe para buscar o cafezinho. As pessoas ainda têm muita dificuldade em aceitar quem tem menos experiência”, avalia a analista de treinamento do Nube, Rafaela Gonçalves.

De acordo com ela, quem enfrenta essa situação tem medo de reagir e quem pratica não se dá conta do quanto é prejudicial, ao ponto de limitar o desenvolvimento profissional e até o networking das vítimas. Rafaela destaca que há uma engrenagem que precisa ser desfeita: 6,78% dos entrevistados admitiram já ter sido vítima, mas também ter praticado, indicando autodefesa. “Percebemos, então, que se trata de algo que vai se perpetuando, como os trotes universitários.”

Demissão.

Levadas às últimas consequências, práticas assim podem interromper uma carreira. Foi o que aconteceu com a estudante de Administração Carolina Peres, 29 anos. Ela era estagiária de uma empresa de informática e recebia investidas de sua chefe sobre sua forma física. “Quando ficava doente, ela falava que era porque não me alimentava direito e precisava emagrecer. O tempo todo, enfatizava isso. Um dia, me viu comendo na cantina e falou ‘você realmente não consegue parar de comer. Desse jeito, vai explodir’. No dia seguinte, pedi demissão”, conta.

Carolina deixou várias vezes o local de trabalho chorando e afirma que o pior era a sensação de impotência, pois não acreditava em solução. “Fui indicada para um processo seletivo interno, mas não participei, porque não suportava mais. Não tinha clima para continuar”, diz. “Isso atrapalhava meu rendimento e meu emocional.”

A psicóloga do trabalho Maíra Andrade observa que, em geral, classifica-se como o bullying ofensas individuais, que partem de atitudes consideradas mais leves, como chacota ou isolamento da vítima. Mas isso também pode chegar a condutas extremas e abusivas, com uma clara configuração de assédio moral.

“O bullying pode ser o início de um assédio. Por isso, precisa ser combatido logo, para que não vire uma bola de neve e desestabilize todo o ambiente de trabalho.” (AG)

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https://www.osul.com.br/quase-50-dos-jovens-em-seus-ambientes-de-trabalho-sofrem-com-o-bullying/ Quase 50% dos jovens em seus ambientes de trabalho sofrem com o bullying 2016-03-17
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