Faltam 16 dias para Joaquim Levy completar um ano como ministro da Fazenda e está na hora de sair. Desde que chegou ao Palácio do Planalto, em dezembro de 2015, enclausurando-se por um mês numa sala para traçar um plano de ação, enfrentou a resistência do PT e de movimentos sociais que apoiam o governo. No Congresso, não conseguiu o pretendido trânsito para fazer avançar as medidas do ajuste fiscal.
Levy foi uma escolha exclusiva da presidente Dilma Rousseff, após consultar líderes do setor financeiro. O perfil desejado para substituir Guido Mantega era de um profissional que gerasse confiança no mercado. Apesar do esforço e da boa vontade do economista com doutorado na Universidade de Chicago, Levy ficou longe da meta. Prova disso é a queda do nível de emprego e o aumento da inflação. O mix da elevação da taxa de juros e queda no consumo tem se revelado desastroso.
Não há substitutos à disposição no mercado. Um dos poucos citados é Henrique Meirelles. Indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o escolheu para comandar o Banco Central de 2003 a 2011. Ao assumir para o primeiro mandato, Dilma descartou-o. Avesso a conversas com jornalistas, não se tem conhecimento do que Meirelles pensa sobre os rumos do País.
Desde 2005, quando surgiu o caso do mensalão, os dirigentes empresariais fizeram um pacto para blindar a Economia, mantendo-a distante das turbulências da Política, o que funcionou até o final de 2014. A partir de janeiro, com a derrocada dos índices, o setor produtivo veio de roldão.
Brasília pode continuar envolta em denúncias, investigações, delações premiadas e no jogo da baixa política. O que não deve é comprometer tão profundamente o nível emprego, fonte de sustento de milhões de brasileiros. Nem onerar a produção com mais tributos que só servem para encobrir desperdícios, manobras contábeis e rombos no orçamento.
Esgotado o prazo de validade do ministro Levy, o governo tem o dever de desatar o nó. Não pode ficar esperando por algum milagre.
