Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2018
A pergunta era sobre a crise econômica e os 13 milhões de desempregados no País, parte deles em situação de extrema vulnerabilidade social, em um cenário no qual também cresce o número de moradores de rua, que já chegam a 30 mil na cidade de São Paulo e a quase o dobro no Rio de Janeiro, por exemplo.
Para o deputado federal e candidato à Presidência da República do PSL, Jair Bolsonaro, é preciso “jogar pesado” para se resolver o problema. Como? Por meio de um planejamento familiar, sob a responsabilidade das mulheres. Foi o que ele defendeu ao participar de uma sabatina na TV Record.
“Devemos jogar pesado em um projeto de planejamento familiar, em especial na questão da mulher. Vocês me desculpem, mas quem engravida, obviamente, são elas”, disse, sendo logo questionado pela entrevistadora Christina Lemos se os homens também não deveriam ser responsáveis e alvos da política pública de planejamento.
“Mas o homem é mais irresponsável nessa questão de moradores de rua”, argumentou. “É uma penca de filhos e a mulher fica grávida novamente.”
O candidato ao Palácio do Planalto, cujo ponto fraco nas pesquisas de intenções de voto é o voto feminino, manteve a sua opinião. Não concordou se tratar de uma transferência de responsabilidade para as mulheres:
“Negativo! Quem engravida são as mulheres, meu Deus do céu! É até difícil você dizer qualquer coisa no Brasil porque vem o politicamente correto em cima da gente. Estou falando uma realidade aqui. Tem que oferecer a essas mulheres métodos contraceptivos até para que essa população não cresça. Geralmente a tendência de uma criança gerada nestas condições é ser o que os pais são.”
Declarações suas nesse sentido foram lembradas pelos entrevistadores, mencionando as frequentes acusações dos detratores de Bolsonaro como um político machista, racista e homofóbico.
O parlamentar afirmou, por exemplo, que as afirmações que fez durante uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado, foram apenas “uma brincadeira”. Na ocasião, ele depreciou quilombolas e rebaixou a própria filha entre a sua prole: “Eu tenho um quinto [filho] também. O quinto eu dei uma fraquejada, né. Foram quatro homens e a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.
Indagado se não tem “brincado” excessivamente, Bolsonaro fez um mea-culpa: “Sou uma pessoa extrovertida. Se foi um comentário infeliz, me desculpem as mulheres, do fundo do coração”.
Maria do Rosário
Mas ele recusou a hipótese de uma retratação com a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), a quem disse, durante uma discussão nos corredores do Congresso Nacional, que ela não merecia ser estuprada porque é “muito feia”:
“Ela é que primeiro teria que me pedir desculpa”, rebateu. Por esse incidente, Bolsonaro responde a duas ações penais no STF (Supremo Tribunal Federal), por injúria e incitação ao estupro.
Ex-crítico ferrenho do Bolsa Família, o presidenciável também disse que não quer perseguir os beneficiários do programa social e que pode até elevar o valor do benefício concedido pelo governo, ao reduzir o número de fraudes.