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QUEM EXPLICA A INCOERÊNCIA?

É constrangedor para o governo com origem popular que a ida da presidente Dilma Rousseff à sessão de abertura do Congresso tenha  ocorrido após conselho de Delfim Netto. Como se não houvesse integrante do assessoria do Palácio do Planalto para sugerir o gesto de aproximação com senadores e deputados federais dos quais o Executivo depende para adotar medidas de enfrentamento à crise.

Um dos dados que assusta foi divulgado esta semana pelo IBGE: o setor industrial recuou 8,3 por cento em 2015 em relação a 2014. O pior resultado desde 2003. O setor vinha mostrando sinais de forte retração, refletidos em 1 milhão e 700 mil trabalhadores desempregados no final do ano. A pesquisa apurou ainda resultados negativos em 25 dos 26 ramos de atividade.

Com esses números o governo não pode continuar isolado. Precisará discutir a recriação da CPMF, rejeitada por grande parte dos parlamentares e pela população. Mais a reforma da Previdência, sangradouro de recursos que desequilibra o Tesouro Nacional pela inexistência de um fundo que sustente o pagamento de aposentadorias e pensões.

O diagnóstico obriga a entendimento com o Congresso, mesmo  fragilizado por denúncias que envolvem alguns de seus membros, a começar pelos presidentes do Senado e da Câmara.

Delfim foi ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura no regime militar, que levou Dilma à prisão e à tortura. Pregou a forte concentração de renda, incluindo na receita que “seria preciso esperar o bolo crescer para, depois, reparti-lo”.

Como prêmio, foi nomeado embaixador na França, com tudo que Paris oferece em seus melhores teatros e restaurantes.

O prestígio acumulado levou-o a cinco mandatos à Câmara dos Deputados pelas siglas que sucederam a Arena.

Por maior que seja o conhecimento de Delfim, deveria se manter afastado do governo por coerência ao seu passado. O mesmo vale para o governo em relação à escolha do conselheiro.

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