Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2025
Liderados pela Argentina, seis países emitiram um comunicado oficial nesse sábado (20), exigindo a “restauração da democracia” na Venezuela. O documento expõe uma divisão clara no bloco sul-americano: entre os membros plenos do Mercosul, apenas Brasil e Uruguai não assinaram o texto.
O comunicado foi divulgado durante a 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, realizada em Foz do Iguaçu (PR). O grupo expressou “profunda preocupação com a grave crise migratória, humanitária e social” no país governado por Nicolás Maduro.
A declaração de Milei, um dos principais representantes da extrema-direita no cenário internacional e um dos aliados mais próximos de Trump na América do Sul, evidenciou a falta de convergência entre os dois principais sócios do Mercosul sobre como lidar com a crise venezuelana e o papel das potências extrarregionais no continente.
Signatários
O texto conta com a assinatura de presidentes e altas autoridades de três Estados Partes (membros plenos) e três Estados Associados:
Argentina: Javier Milei (Presidente)
Paraguai: Santiago Peña (Presidente)
Bolívia: Fernando Aramayo (Ministro das Relações Exteriores)
Panamá: José Raúl Mulino (Presidente)
Equador: Altas autoridades
Peru: Altas autoridades
Vale ressaltar que, entre os cinco Estados Partes do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia), Brasil e Uruguai foram os únicos que optaram por não endossar a cobrança.
O que diz o comunicado
As autoridades signatárias adotaram um tom duro em relação ao regime de Caracas. O grupo instou as autoridades venezuelanas a:
• Cumprir as normas internacionais de direitos humanos;
• Libertar imediatamente cidadãos arbitrariamente privados de liberdade;
• Garantir o devido processo legal e a integridade física dos opositores.
Sem consenso
O comunicado paralelo evidencia a falta de consenso dentro do bloco. O documento oficial conjunto da cúpula do Mercosul não fez qualquer menção à Venezuela, que está suspensa da união aduaneira desde 2016.
No encerramento do evento, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, alertou para os riscos de intervenções externas na Venezuela, mantendo uma postura de cautela diplomática. Em contrapartida, o argentino Javier Milei endossou explicitamente a pressão militar exercida pelos Estados Unidos contra o governo do ditador Nicolás Maduro.
Anfitrião do encontro realizado em Foz do Iguaçu, Lula criticou a presença militar dos norte-americanos no entorno da Venezuela e alertou que uma eventual intervenção armada representaria uma “catástrofe humanitária” para o hemisfério.