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Colunistas Redes sociais: a praça escura onde deixamos nossas crianças

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Adolescência, da Netflix, é uma minissérie de grande sucesso que tem despertado a atenção de muitos para a intrincada e perigosa situação que a educação de crianças e jovens passou a ter a partir da emergência das redes sociais. A adolescência é uma fase complexa e desafiadora, onde os jovens buscam compreensão, aceitação e, muitas vezes, se sentem incompreendidos e marginalizados. A série explora como essa busca por identidade e pertencimento pode levar a decisões radicais e até mesmo violentas, destacando o papel das redes sociais e da cultura online na radicalização de jovens. No Brasil, dezenas de crianças perdem a vida e centenas são mutiladas por ano, vítimas dos desafios da internet, na verdade verdadeiros jogos mortais que expõem jovens e adolescentes a riscos inadmissíveis e ainda sem controle.

Imagine uma praça escura, sem vigilância, onde estranhos circulam livremente e os perigos espreitam em cada esquina. Agora imagine que é exatamente lá que milhões de crianças e adolescentes estão sendo deixados diariamente — sozinhos, à mercê de algoritmos ou criminosos que não conhecem ética, não sentem empatia e que, acima de tudo, não distinguem o bem do mal.

Essa é a realidade atual das redes sociais. O caso de Sarah Raíssa Pereira, de apenas 08 anos, que perdeu a vida após participar do chamado “desafio do desodorante” — supostamente estimulado por vídeos viralizados em redes sociais — escancarou a face sombria de um problema negligenciado por famílias, escolas e pelo próprio Estado: o uso desenfreado e sem critério da internet por crianças e adolescentes.

Em meio ao luto, a voz angustiada da mãe, Maria Pereira, ecoa como um alerta: “Uma criança não deve ter acesso sem controle a telas. Elas não têm maturidade para entender o perigo que pode estar ali.” O pai, Cássio Maurílio, foi ainda mais direto ao cobrar um controle mais rígido: “Em quase todos os lugares, devemos comprovar nossa identidade para ter acesso a determinados serviços. Por que na internet deveria ser diferente? Vamos esperar outra morte acontecer para debatermos isso seriamente?”

O apelo dos pais de Sarah não é apenas um desabafo pessoal — é uma denúncia social. Crianças não estão equipadas, emocionalmente ou cognitivamente, para enfrentar o universo digital sem supervisão. Elas são expostas a desafios, conteúdos violentos, estímulos de consumo, manipulações psicológicas e até redes de exploração, muitas vezes disfarçados de “tendências” ou “modinhas”.

As redes sociais, que deveriam ser ambientes de troca e aprendizado, se transformaram em arenas perigosas, potencializadas por algoritmos que priorizam o engajamento a qualquer custo — mesmo que isso signifique empurrar conteúdos nocivos a crianças desprotegidas.

É urgente que medidas sejam tomadas. Não se trata apenas de educação digital, mas de regulamentação e responsabilidade. Várias ações podem e devem ser implementadas. Dentre elas, a mais básica de todas, exigir documentos oficiais para criação de contas, como ocorre em bancos e serviços públicos. As plataformas devem ser transparentes quanto aos critérios de recomendação de conteúdo, permitindo auditoria de especialistas e punições severas quando houver descuido ou negligência. Assim como ensinamos regras de trânsito ou higiene pessoal, a alfabetização digital precisa ser parte do currículo e do cotidiano familiar. Governos e instituições devem tratar a proteção digital como uma questão de saúde pública, promovendo informação sobre os riscos que a internet representa quando usada sem limites.

O que aconteceu com Sarah não é um caso isolado, é um sinal claro de que estamos falhando como sociedade. Não podemos mais aceitar que o luto de famílias seja o gatilho para debates que deveriam ter começado anos atrás. A praça escura continua lá. A pergunta que fica é: por quanto tempo ainda deixaremos nossas crianças sozinhas nela?

Instagram: @edsonbundchen

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/redes-sociais-a-praca-escura-onde-deixamos-nossas-criancas/ Redes sociais: a praça escura onde deixamos nossas crianças 2025-05-01
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