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Brasil Reduzir juros com prudência será teste para o Banco Central

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Com o objetivo prioritário de conter a inflação e levá-la à meta de 3% ao ano, a Selic de sufocantes 15% anuais busca a contenção do crédito e da demanda, de modo a desencorajar a alta de preços. (Foto: Agência Brasil)

Há neste momento uma coincidência temporal entre pressões do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela queda dos juros, motivadas basicamente pela aproximação das eleições de 2026, e a percepção de que o Banco Central está perto de promover um corte limitado das taxas, que precisa seguir critérios técnicos.

Com o objetivo prioritário de conter a inflação e levá-la à meta de 3% ao ano, a Selic de sufocantes 15% anuais busca a contenção do crédito e da demanda, de modo a desencorajar a alta de preços. Essa tarefa é prejudicada pela expansão contínua das despesas de Brasília —a verdadeira culpada pelo arrocho monetário.

Se é obviamente desejável um alívio para empresas e famílias, é imprescindível garantir as condições para que não haja riscos de um repique inflacionário.

As novas informações desta semana —a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e a divulgação do IPCA favorável de outubro— movimentaram o cenário de juros e as expectativas.

As projeções dos analistas para o início de corte de juros estavam divididas entre janeiro e março de 2026. O BC alimentou o otimismo com uma ata de tom mais suave, reconhecendo desaceleração da atividade econômica e queda das expectativas de inflação, também destacando que já considera o impacto da redução do Imposto de Renda das pessoas físicas em seus cálculos.

Como obstáculos, o documento cita o mercado de trabalho ainda bastante aquecido e a necessidade de harmonizar políticas fiscal e monetária, uma vez que a primeira afeta a demanda agregada e a percepção de sustentabilidade da dívida pública.

Ademais, com a divulgação do IPCA de 0,09% em outubro, bem abaixo da expectativa de mercado e o menor número para o mês desde 1998, as projeções de inflação para este e o próximo ano começaram a ser reduzidas.

Indicado por Lula, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem procurado demonstrar autonomia e responsabilidade monetária ante o discurso demagógico da administração petista —ao qual não se furta mais nem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que parece mais preocupado com as eleições de 2026 do que com as atribuições de seu cargo.

Nesta semana, Galípolo tratou de não comprometer o BC com previsões para o início da queda dos juros, valorizando a comunicação formal da instituição. Ainda assim, seguirá em posição desconfortável nos próximos meses.

A política perdulária de Lula e Haddad manterá pressões sobre os preços, que podem se acentuar com esperáveis medidas eleitoreiras. Não se imagina que a Selica possa cair abaixo de ainda muito elevados 12% ao ano.

Um afrouxamento além dos limites da prudência poderá ter consequências funestas para a reputação da autoridade monetária e a política de controle da inflação, prejudicando sobretudo os mais pobres. Esse será um novo desafio do BC autônomo. (Coluna de opinião da Folha de São Paulo).

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