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Política Referência global em opinião pública, especialista americana diz que “políticos que se queixam das pesquisas não querem que as pessoas participem delas”

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Para a consultora Kathleen Frankovic, proibição de pesquisas eleitorais vai contra a democracia. (Foto: Reprodução de vídeo)

Quando o assunto é pesquisa eleitoral na América Latina, nos EUA e na Europa, Kathleen Frankovic, ex-presidente da Associação Americana para Pesquisa de Opinião Pública (AAPOR) e consultora da YouGov América, é referência obrigatória. Ela estuda o tema há décadas e acompanha a evolução de regulações sobre pesquisas em muitos países.

Em entrevista, a especialista avalia que o projeto de lei do deputado Ricardo Barros (PP/PR) para limitar a divulgação de pesquisas eleitorais no Brasil — que tramita sob regime de urgência na Câmara — parece mais interessado em proteger políticos e partidos, não o eleitor. Na defesa do trabalho dos institutos, ela questiona expectativas de resultados deles que considera exageradas e alerta: “Políticos que se queixam das pesquisas não querem que as pessoas participem delas”.

Acompanhe os principais pontos da entrevista com Kathleen.

1. Que avaliação a senhora faz do trabalho dos institutos de pesquisa no Brasil este ano? Vi que as pesquisas se aproximaram muito do resultado de Lula, mas não do de Bolsonaro. Isso pode ter se devido, em parte, ao fato de que os candidatos com menor intenção de voto (Simone Tebet e Ciro Gomes) receberam, finalmente, menos votos que o previsto, algo que acontece com frequência. Muitas vezes, os candidatos que têm menos intenções de voto nas pesquisas começam a perder apoio na reta final. Mas, para dizer que as pesquisas erraram feio, você teria de dizer que todos esses votos perdidos pelos candidatos menores foram para Bolsonaro, e não sabemos isso.

2. Após o primeiro turno, instalou-se no Brasil um debate sobre pesquisas, e aliados do governo apresentaram um projeto para restringir e regulamentar o trabalho de institutos de pesquisa.

“Não estou surpresa. O que está acontecendo é uma reação instintiva dos que acham que foram prejudicados pelas pesquisas, ou que seu candidato não obteve o apoio que esperavam. Proibir a publicação de pesquisas 15 dias antes das eleições poderia ser um desastre e colocaria o Brasil na posição de um dos poucos países no mundo com esse tipo de restrição. O Chile é um deles e é uma democracia, mas tenho dúvidas se o Brasil gostaria de estar associado a outros”, comenta Kathleen.

3. Por exemplo? Existem países que têm embargos longos, principalmente na África. Na Europa, temos a Itália e a Grécia. Esse tipo de regra não ajuda, tira informação dos eleitores. Com certeza o governo terá informação, os candidatos também, ou seja, eles terão acesso ao que o público vai desconhecer. Basicamente, é uma decisão sustentada na ideia de que o público não tem capacidade e responsabilidade para lidar com a informação das pesquisas. Acho quase ofensivo. Isso é o que fazem os governos que não confiam em seus povos. Acho terrível em todos os sentidos.

4. O bolsonarismo sustenta que as pesquisas prejudicaram o presidente no primeiro turno. Isso é algo que políticos que perdem eleições dizem há mais de 60 anos. Muitos acadêmicos tentaram entender. Nenhum estudo confirma se, de fato, isso pode acontecer. O que pode, pelo contrário, é o que chamamos de underdog effect, ou seja, as pesquisas podem aumentar o respaldo a quem está perdendo.

5. Regular pesquisas ameaça a democracia? Sou membro da AAPOR e, desde 1984, fazemos pesquisas sobre esse tipo de regulamentação. Essas limitações não melhoram a qualidade das pesquisas. Pelo contrário, deterioram. A América Latina é um exemplo interessante. Há cinco anos, em nosso último relatório, era a região do mundo com mais restrições a pesquisas eleitorais.

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