Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2025
Reino Unido, Austrália e Canadá anunciaram neste domingo (21) que reconhecem formalmente o Estado da Palestina, em uma mudança histórica de posicionamento.
Com isso, os países passam a integrar o grupo de mais de 140 nações que já haviam oficializado esse reconhecimento. A lista cresceu desde o início da guerra em Gaza, em 2022, e inclui Espanha, Noruega, Eslovênia e o Brasil.
“Hoje, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina para reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados”, afirmou Keir Starmer, Primeiro-Ministro do Reino Unido, em uma mensagem na rede social X.
Em 29 de julho, Starmer já havia antecipado que o reconhecimento do Estado palestino ocorreria em setembro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro-ministro já havia condicionado essa postura a ações de Israel em direção a um cessar-fogo em Gaza e a negociações de paz que viabilizassem a solução de dois Estados.
Diante do agravamento da crise humanitária e da falta de avanços diplomáticos, ele decidiu avançar. A medida ocorre em um contexto em que outros países europeus e latino-americanos também já oficializaram esse reconhecimento, reforçando a pressão internacional sobre Israel.
O Canadá também reconheceu o Estado da Palestina, anunciou neste domingo o primeiro-ministro Mark Carney. “O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”, afirmou Carney em um comunicado nas redes sociais.
Reino Unido e Canadá são os primeiros países do G7, grupo das principais economias do mundo, que reconhecem o Estado da Palestina.
Líderes conservadores britânicos questionaram o impacto prático da medida. Israel tem criticado os anúncios de reconhecimento, afirmando que as medidas serviriam como recompensa ao terrorismo e ao Hamas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou compartilhar dessa opinião.
Os reconhecimentos têm sido vistos como um sinal político contra a expansão de assentamentos e a presença militar israelense nos territórios. França e Arábia Saudita lideravam uma ação diplomática para influenciar outros países a favor da Palestina.
A Austrália também “reconheceu formalmente o independente e soberano Estado da Palestina”, anunciou neste domingo o primeiro-ministro Anthony Albanese. “Ao fazê-lo, a Austrália reconhece as aspirações legítimas e antigas do povo palestino de ter um Estado próprio”, afirmou Albanese em um comunicado, pouco após anúncios similares do Reino Unido e do Canadá.
“O ato de reconhecimento de hoje reflete o compromisso de longa data da Austrália com uma solução de dois Estados, que sempre foi o único caminho para uma paz e segurança duradouras para os povos israelense e palestino”, acrescentou Albanese.
Lista em alta
Além dos três países anglo-saxônicos, o governo de Portugal anunciou que oficializará seu reconhecimento do Estado palestino ainda neste domingo (21). Outros países europeus, como França e Bélgica, expressaram a intenção de oficializar o reconhecimento.
Com isso, a quantidade de países europeus que evitavam oficializar a medida diminuiu. Antes de uma série de formalizações entre 2024 e 2025, a maior parte dos reconhecimentos era limitada a antigos países comunistas, assim como Suécia, Islândia e Chipre.
Em 2024, Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia romperam uma paralisia europeia de uma década e se juntaram à lista de países que reconhecem o Estado palestino.
A Assembleia Geral da ONU aprovou o reconhecimento de fato do Estado da Palestina em novembro de 2012, elevando o seu estatuto de observador no organismo mundial para “Estado não membro”.
Nas Américas, só um punhado de países ainda não reconhece o Estado palestino, incluindo os EUA e o Panamá. Na Europa, entre os países que ainda evitam a medida, estão a Alemanha, Itália, a Áustria e as nações do Báltico.
Ao todo, cerca de 80% dos 193 países-membros da ONU reconhecem oficialmente um Estado palestino.
A lista aumentou com a adição de mais de uma dúzia de países desde 2024, num momento em que Israel trava uma guerra na Faixa de Gaza e vem intensificando a expansão de colônias na Cisjordânia, os dois territórios habitados por palestinos.