Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2024
Claudine Gay estava no cargo desde julho.
Foto: ReproduçãoA reitora de Harvard, Claudine Gay, renunciou nesta terça-feira (2) em meio a acusações de plágio e críticas sobre a forma como lidou com o antissemitismo no campus da universidade americana após o estopim do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Claudine, a primeira presidente negra de Harvard, anunciou sua saída poucos meses após seu mandato, em uma carta à comunidade de Harvard.
Gay estava no cargo desde julho.
A acadêmica se viu envolvida em polêmicas depois de se recusar a dizer inequivocamente se o apelo ao genocídio dos judeus violava o código de conduta de Harvard, durante uma audiência no Congresso ao lado dos reitores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e da Universidade da Pensilvânia, no mês passado. Os três presidentes haviam sido convocados para responder às acusações de que as universidades não estavam protegendo os estudantes judeus em meio aos crescentes temores de antissemitismo.
Claudine disse que dependia do contexto, acrescentando que quando “a fala se cruza com a conduta, isso viola as nossas políticas”. A resposta enfrentou uma rápida reação por parte dos legisladores republicanos e de alguns legisladores democratas, bem como da Casa Branca. Mais tarde, Claudine pediu desculpas, dizendo ao jornal estudantil The Crimson que ela se envolveu em uma discussão acalorada na audiência.
“O que eu deveria ter tido a presença de espírito de fazer naquele momento era retornar à minha verdade orientadora, que é que os apelos à violência contra a nossa comunidade judaica – ameaças aos nossos estudantes judeus – não têm lugar em Harvard e nunca permanecerão incontestados. “, disse.
Após a audiência, a carreira acadêmica da então reitora ficou sob intenso escrutínio por ativistas conservadores que desenterraram vários casos de suposto plágio em sua tese de doutorado de 1997. O conselho administrativo de Harvard inicialmente a apoiou dizendo que uma revisão de seu trabalho acadêmico revelou “alguns casos de citação inadequada”, mas nenhuma evidência de má conduta de pesquisa.
Dias depois, a Harvard Corporation revelou que encontrou dois exemplos adicionais de “linguagem duplicada sem atribuição apropriada”. O conselho disse que ela atualizaria sua dissertação e solicitaria correções.
Claudine Gay, que fez história como a primeira negra a dirigir a poderosa universidade de Cambridge, Massachusetts, disse em sua carta de demissão que foi vítima de ataques pessoais e racismo.
“Tem sido difícil ver o meu compromisso de enfrentar o ódio e defender o rigor acadêmico ser questionado… e aterrorizante ser alvo de ataques pessoais e ameaças alimentadas pelo racismo”, escreveu. Mas ela, que voltará ao corpo docente da universidade, acrescentou “ficou claro que é do interesse de Harvard que eu me demita para que a nossa comunidade possa navegar neste momento de desafio extraordinário”.
A Harvard Corporation disse que a demissão veio “com grande tristeza” e agradeceu a Claudine por seu “compromisso profundo e inabalável com Harvard e com a busca pela excelência acadêmica”.