Quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2018
Incomodado com as duras críticas ao seu governo durante a campanha eleitoral e chateado por ser deixado de lado até mesmo por antigos aliados, o presidente Michel Temer decidiu gravar uma série de oito vídeos defender a sua gestão. E atacar candidatos ao Palácio do Planalto na eleição deste ano.
Fontes ligadas à cúpula do MDB – partido do chefe do Executivo – indicam que a iniciativa partiu do próprio Temer, que estaria se sentindo ofendido e com desejo de “desmascarar aliados”. Além da postagem no Twitter, os vídeos também estão sendo compartilhados em listas de transmissão de Whatsapp que o partido mantém com filiados e simpatizantes.
O material, segundo fontes, estaria sendo gravado pelo marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco. Até o final da semana passada, ao menos três vídeos já haviam sido divulgados, dois deles com críticas ao ex-governador paulista Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB.
Já o outro rebate questionamentos do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, vice de Luiz Inácio Lula da Silva e que deve assumir a cabeça-de-chapa caso o ex-presidente desista formalmente de se apresentar como candidato.
Para os próximos vídeos, inicialmente Jair Bolsonaro (PSL) e Álvaro Dias (Podemos) estariam entre os alvos. Bolsonaro deve ser criticado indiretamente, embora já se cogite que o ataque a faca sofrido pelo candidato do PSL possa determinar uma mudança de planos por parte de Temer.
Outro que estaria na mira é o postulante do Podemos, Álvaro Dias, alfinetado por ter como vice o economista Paulo Rabello de Castro (PSC), que já foi presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante o atual governo.
Ainda segundo uma fonte do MDB, outros vídeos devem destacar os feitos de Michel Temer na economia e em outras áreas do governo federal.
“Geni”
Com início da campanha eleitoral na televisão, Temer e seu governo se tornaram um dos alvos favoritos dos presidenciáveis, que insistem em se descolar da figura do emedebista por orientação de seus marqueteiros. Mesmo entre aqueles partidos que já fizeram parte ou ainda ocupam cargos no governo, a ordem é evitar Temer.
O primeiro dos oito vídeos, direcionado a Geraldo Alckmin, foi ao ar na noite desta quarta-feira, no perfil de Michel Temer no Twitter. Nele, Temer lembra a participação do PSDB em seu governo e alguns tucanos que trabalharam com ele durante esses dois anos de mandato. Na manhã desta quinta-feira, um segundo vídeo, também direcionado à Alckmin, foi postado em seu Twitter.
E em seguida, um terceiro vídeo foi postado no início da tarde desta quinta, para o candidato à vice na chapa petista, Fernando Haddad, no qual Temer diz que não é “golpista” e defende a reforma trabalhista aprovada durante seu governo.
Em recente entrevista à revista “Época”, ele declarou: “Não vou ser a Geni”, em referência à personagem da “Ópera do Malandro” (1979), de Chico Buarque. A letra da música fala de uma prostituta que “é feita para apanhar e é boa de cuspir”. O presidente cansou: “Apanhei muito, como ninguém apanhou”.