Segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2015
Depoimentos à Operação Lava-Jato mostram que a PF (Polícia Federal) e a empresa canadense Research In Motion criaram um canal direto para cumprir ordens judiciais de quebra de sigilo, sem passar pelo Ministério da Justiça, pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ou pela filial da companhia no Brasil. O fato configura violação de regras internacionais de cooperação em investigações criminais.
As declarações apontam que a companhia estrangeira criou um e-mail para receber ordens diretas do órgão. Delegados dizem que as informações vieram da filial brasileira da Research In Motion, mas também relatam que o responsável pela conta de e-mail é funcionário da empresa na América do Norte.
A suspeita é levantada pelos advogados da empreiteira OAS desde o início do ano, época da denúncia contra seu presidente Leo Pinheiro pelo MPF (Ministério Público Federal) à Vara Federal Criminal de Curitiba (PR). O pressuposto são informações obtidas com a quebra de sigilo do telefone BlackBerry (fabricado pela canadense) do doleiro Alberto Youssef, indicando o envolvimento do executivo no esquema de corrupção na Petrobras.
A OAS frisava que, sem conhecimento da forma de obtenção de dados sobre as mensagens entre Youssef e Pinheiro, as provas eram nulas. E, sem rastros do pedido de cooperação internacional, as informações só podiam ser obtidas diretamente com a empresa, no Canadá.