Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2025
Em visita à cidade gaúcha de Uruguaiana, na fronteira com a argentina de Paso de Los Libres, o governador Eduardo Leite apresentou as conclusões iniciais de um relatório sobre a importância econômica dos free-shops da Fronteira-Oeste do Estado, região hoje responsável pela maior movimentação do segmento no País. O levantamento inclui informações sobre vendas, perfil dos consumidores, geração de empregos e outros aspectos desde 2019.
O estudo foi realizado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), por meio de seu Departamento de Economia e Estatística (DEE). Sua primeira etapa tem como foco o município visitado, ressaltando o papel das chamadas “Lojas Francas de Fronteira Terrestre” (LFFT) como pontos de conexão do Brasil com demais países do Mercosul.
Uruguaiana ocupa posição de destaque no que se refere a estabelecimentos do tipo free-shop. As vendas nas lojas de fronteira do Rio Grande do Sul passaram de US$ 3,4 milhões em 2019 para US$ 60,8 milhões no ano passado. Do total comercializado pelo segmento no Brasil, 46% se deu no município, contribuindo de forma decisiva para que o Estado tivesse 68% de participação nos negócios desse tipo no País.
Em valores, o volume de vendas em Uruguaiana superou R$ 100 milhões em 2022 e chegou a R$ 207 milhões em 2024, representando 8% do desempenho varejista local. A cidade reúne hoje 16 lojas francas (a maior concentração do Brasil), em um cenário no qual o Rio Grande do Sul soma 37 estabelecimentos distribuídos também em Santana do Livramento, Jaguarão, São Borja, Quaraí, Porto Mauá, Porto Xavier, Itaqui e Barra do Quaraí.
Empregabilidade
O crescimento da atividade também se observa no setor de serviços. Entre 2020 e 2023, as vendas de alojamento e alimentação avançaram 67% em Uruguaiana, diante de 27% no Rio Grande do Sul, acompanhando a intensificação do fluxo de visitantes associada ao turismo de compras.
A mesma trajetória tem marcado o emprego formal, tendo crescido 25% no comércio, 59% no setor de alojamento e alimentação e 26% na indústria, levando-se em conta o período de dezembro de 2020 a agosto deste ano. Todos esses incrementos são superiores à média estadual no mesmo período. O município também ampliou sua presença como destino no transporte intermunicipal de passageiros, atingindo a maior participação no Estado desde 2019.
A expansão no emprego formal de setores relacionados é observada também no conjunto de municípios com lojas francas. No comércio varejista do Estado, a participação desses municípios passou de 3,8% em 2019 para 4,1% em 2024. No setor de alimentação, o índice evoluiu de 1,8% para 2,2% no período. O aumento da participação dessas regiões no comércio e no emprego formal indica o papel das LFFT como vetor de dinamização econômica regional.
Perfil do consumidor
A dinâmica das vendas em LFFT segue um padrão sazonal. Dezembro concentra os maiores volumes de vendas, com média histórica crescente e acima de US$ 6,5 milhões no período de 2019 a 2024, no Brasil. Meses como novembro, janeiro, junho e julho também registram movimentação elevada, em uma trajetória que reflete o calendário turístico e datas relevantes do comércio, consolidando as lojas francas como parte estruturante da economia de fronteira.
A análise das vendas individuais nos free shops também revela um aumento da participação de compradores que dispendem, em média, mais de US$ 300. Em Uruguaiana, cerca de 9% dos compradores de lojas francas se situaram nessas faixas, em 2025. Embora a maior parcela dos compradores siga gastando menos de US$ 100, o aumento do ticket médio indica que um número crescente de consumidores está se aproximando do limite da cota de US$ 500.
A transformação no perfil dos consumidores corrobora as tendências sazonais e de patamar de gastos. Em Uruguaiana, a participação de estrangeiros nas compras, que era de 14% em 2019, alcançou 31% até setembro de 2025. No mesmo período, moradores num raio de até 50 quilômetros passaram a responder por 39% do valor vendido, após anos em que esse grupo superava a marca de 50%. Já os compradores brasileiros que se deslocam mais de 50 quilômetros mantiveram sua participação quase constante ao longo do tempo, representando 15%, em 2025.
(Marcello Campos)
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