Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de maio de 2025
Intérprete de personagens icônicos como a Helenina, de Vale Tudo (1988), e Nazaré Tedesco, em Senhora do Destino (2004), a atriz Renata Sorrah, de 78 anos, afirma que está aprendendo a envelhecer. “Como aprendi a ser adolescente, mãe, a me relacionar, agora aprendo a envelhecer. Tem horas que dá medo, porque começo a lidar com a finitude; em outras, uma liberdade imensa. Enche o peito e lembra a alegria de quando eu tinha 20 anos”.
Confira abaixo trechos da entrevista da atriz ao jornal Extra:
1. Sua cabeça é tão confusa quanto a de Nazaré Tedesco?
Não tanto (risos). O meme “confused math lady” viajou o mundo inteiro, é uma delícia! Em Nova York, apareceu na TV, e meu sobrinho comentou com a dentista: “É minha tia!”. Ela quase desmaiou. As filhas de um amigo, que moram em Londres, estiveram no Brasil. Estávamos tomando café da manhã juntos, e elas me olhando. De repente, o pai falou: “É ela”. Elas ligaram para as amigas de lá, eu tive que tirar fotos. Os memes não me chateiam, alegram as pessoas. Nunca tive uma resposta desagradável do público.
2. Nazaré sequestrou, matou, mas é paixão nacional que não cessa…
De tempos em tempos, ela ressurge na internet, é uma loucura! Eu já me acostumei. É minha amiga querida, está aqui do meu lado. Mas como é metida (risos)!
3. Nazaré se olhava no espelho e se admirava: “Gostosa pra dedéu!”. Você também tem essa percepção de si mesma?
A minha “energia de gostosa” está em ser alegre, me comunicar com as pessoas, ter amigos mais jovens e mais velhos, ter cachorros, filha, netos…
4. É vaidosa?
Ah, eu me cuido. Gosto de estar apresentável, com meu cabelo bonito, vou à dermatologista para ficar com a pele boa. Mas não sou psicótica com isso.
5. E o vício no cigarro, ficou mesmo para trás?
Sim, faz 15 anos que sou uma ex-fumante. E me pergunto sempre: “Por que eu não parei antes?”. Comecei a fumar tarde, com 29 anos, para a peça “Há vagas para moças de fino trato”. E me viciei aí na nicotina. Foi difícil parar, mas não troquei por outro vício, não engordei, fiquei ótima! É um adianto na vida.
6. Heleninha, outra grande personagem sua, de “Vale tudo” (1988), era alcoólatra. Você bebe?
De vez em quando, uma taça de vinho. Mas é raro. Eu posso passar meses sem beber nada.
7. Tem assistido ao remake?
Pouco, porque tenho trabalhando muito, não dá para acompanhar sempre pela TV. Sou ligada na tomada, meu dia a dia é cheio de compromissos. Mas quando assisto pelo Globoplay, gosto do que vejo. O Paulinho Silvestrini (diretor) é ótimo. Os atores escolhidos, todos muito bons. A Manu (Manuela Dias, autora) faz um belo trabalho em cima do texto primoroso do Gilberto Braga. Essa montagem, 37 anos depois, teve avanços maravilhosos: duas protagonistas negras e um casal gay que vai continuar junto e vivo. Lá atrás, o público não aceitou e obrigou o autor a matar uma delas.
8. E que tal Paolla como Heleninha?
Paolla é uma mulher e uma atriz que eu admiro. Gosto do posicionamento dela, da alegria, de como ela dança, do romance com o Diogo (Nogueira), de como ela é livre e boa atriz. Então, Heleninha, personagem que eu amo, não poderia estar em melhores mãos. Ela faz muito bem!
9. Um recorte bem-humorado da personagem, na reta final da trama, dançando “mambo caliente”, voltou a cair nas redes. Você já reproduziu a cena numa festa entre amigos?
Ah, eu adoraria! Acho que me melhoraria uns três anos de análise (risos). Você tocou num ponto nevrálgico meu: eu não sei dançar… Adoraria me soltar, mesmo que caísse no chão depois, não faz mal. Mas sem precisar beber. Seria ótimo!