Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2015
Quando Hector Babenco o convidou para um papel importante de seu novo filme, Reynaldo Gianecchini chegou a pensar: “Será que foi por causa da minha doença?”. Porque o novo filme do diretor, “Meu Amigo Hindu”, inspira-se na luta do cineasta contra o câncer agressivo que quase o levou à morte. Gianecchini passou por experiência semelhante. Estar tão perto da morte levou-o a repensar a vida, a priorizar o que é importante. Surgiu um outro homem. “Acho que não melhorei só como indivíduo, mas como artista. Isso ajuda a gente a tentar se entender, a entender o outro.”
Durante a exibição do longa, ele passou por momentos de desconcerto – e desconforto. “Não conseguia saber se estava gostando.” E, depois, juntando uma cena aparentemente desconexa do começo – o enterro do pai do diretor interpretado por Willem Dafoe – com cenas do protagonista com a mulher e a mãe, tudo passou a fazer sentido. “É incrível como a possibilidade do fim devolve a gente ao começo. Liguei-me muito mais a meu pai, a minha mãe.” Elogia Babenco. “Faço uma participação. Na verdade, quase todo o elenco entra pontualmente, só Dafoe une todo mundo. É um ator maravilhoso, um gênio.” Qual é o segredo do diretor para fazer com que todos os atores sejam sempre bons com ele? “O próprio Babenco diz que não ‘dirige’ os atores. Deixa que eles tragam os personagens e faz ‘ajustes’.”
Gianecchini diz que é um processo difícil, mas gratificante. “Como maestro, ele é doce, mas também tem pulso.” Babenco lhe deu o papel do médico amigo – Drauzio Varella na vida.
Gianecchini lembra da doença. Conta que, apesar da dor, do sofrimento, não quis fazer dela um drama. “Senti, e o filme também é sobre isso, que estava diante de uma possibilidade de transformação.” Ninguém passa por isso e segue o mesmo. Só se não entende, ou não quer entender nada. “Descobri, no dia a dia, uma mudança na base: estava desenvolvendo um novo olhar para as coisas e para mim mesmo.”
Além de “Meu Amigo Hindu”, Gianecchini está nas telas com “S.O.S. Mulheres ao Mar 2”, a comédia de Cris D’Amato, em cartaz nos cinemas de Porto Alegre. Ia emendar a minissérie de Walcyr Carrasco, “Verdades Secretas”, com uma nova novela – de Maria Adelaide Amaral –, mas a Globo reformulou o cronograma das 9, antecipou outra novela e a dela ficou para daqui a um ano. Para o segundo semestre de 2016, ele tinha um projeto de teatro com o diretor José Possi Neto – uma peça sobre o pintor Caravaggio –, que agora tenta antecipar.
Nudez celebrada.
Impossível não falar sobre a nudez de Gianecchini em “Verdades Secretas”, da TV Globo. Estourou de audiência, repercutiu nas redes sociais. Ficar nu não deve ser problema para um ator criado na escola hedonista de José Celso Martinez, não? “Mas eu nunca fiquei nu no teatro dele. Zé Celso até dizia que isso faria de mim um artista melhor, mais solto, mas as coisas foram acontecendo de outro jeito. Não ia tirar a roupa só por tirar. Seria apelação. ‘Vamos ver tal peça para ver o p… do Giane.’ Nem no caso de ‘Verdades Secretas’ as coisas estavam programadas. Foi um coisa que surgiu meio espontânea. O personagem era amoral, capaz de tudo. Era um gigolô, metido com sexo e drogas. Mostrá-lo na intimidade do trabalho tinha tudo a ver. Mas a cena foi feita com tanto apuro visual que não houve rejeição. O público embarcou.” Por conta disso, ele revela que torce por uma nova temporada de “Verdades Secretas”. “A equipe era genial, seria bacana, mas não creio que vá ocorrer, pelo menos não tão cedo”, acredita. (Luiz Carlos Merten/AE)