Segunda-feira, 08 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2025
A maior parte das ocorrências acontecem com líquidos quentes
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilAs férias e as altas temperaturas costumam transformar a casa em um cenário de brincadeiras improvisadas: barracas de panos montadas no meio da sala; em qualquer espaço, a criançada estica uma toalha no chão e faz um piquenique, etc.
Mas, enquanto o ritmo desacelera para os adultos, o período contrasta com o aumento dos acidentes envolvendo crianças pequenas. Dados do DATASUS, compilados pela ONA – Organização Nacional de Acreditação, mostram que 3.613 crianças, de 1 a 4 anos, foram internadas por queimaduras no Brasil entre janeiro e setembro de 2025. O Nordeste lidera, com 1.109 casos, seguido por Sudeste (938), Sul (777), Centro-Oeste (527) e Norte (262).
Entre janeiro e setembro, o Rio Grande do Sul registrou 138 casos de queimaduras em crianças de 1 a 4 anos, ficando em nono lugar nas estatísticas no Brasil.
Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, sete em cada dez acidentes acontecem dentro de casa. A faixa etária de 1 a 4 anos é a mais atingida – reflexo de uma combinação que inclui curiosidade intensa, rapidez nos movimentos e pouca noção de perigo.
A maior parte das ocorrências acontecem com líquidos quentes, segundo a pediatra e membro da ONA, Mariana F. Falavina Grigoletto. No cotidiano das casas brasileiras, basta um cabo de panela virado para fora, uma xícara quente à beira da mesa ou panela recém-retirada do fogo, para que o risco se transforme em queimadura.
Em muitos atendimentos, explica a pediatra, o cenário se repete. “A criança puxa o cabo, tropeça no pano da mesa, esbarra no copo, mexe na cafeteira e tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos”.
Embora menos frequentes, as queimaduras por chama ou líquidos inflamáveis costumam ser mais graves. “Dentre as queimaduras químicas, a ingestão de soda cáustica é a principal causa de queimaduras em crianças. Pilhas e baterias, quando ingeridas ou rompidas, seguem como ameaça silenciosa devido ao conteúdo corrosivo”, alerta a Dra. Mariana.
Tomadas, fios e sol forte completam os riscos. Choques elétricos também aparecem entre os acidentes mais comuns na infância. Tomadas sem proteção, fios desencapados e extensões improvisadas, muitas vezes passam despercebidos no ambiente doméstico.
No verão, o sol se torna outro vilão. Vermelhidão, dor e calor local são sinais de queimadura solar, mais frequentes entre 10h e 16h, período de maior radiação.
A primeira medida recomendada é resfriar a área com água corrente fria, nunca gelada — por 10 a 20 minutos. Antes do inchaço, remova anéis, pulseiras e acessórios. “Roupas grudadas na pele não devem ser retiradas, pois podem arrancar tecido vivo; se necessário, corte apenas o que estiver solto. Se houver bolhas, não estoure!”, recomenda a a médica.
Voltar Todas de Rio Grande do Sul