Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2022
Nesta próxima semana, Roberta Sá faz 42 anos. Também será o período em que a primeira filha, Lina, pode nascer. Dezembro também é o mês de lançamento de seu disco “Sambasá”, projeto que começou no início do ano e que rodou o país nos últimos meses – inclusive já com o barrigão, como no festival Rock the Mountain, em outubro, em Itaipava.
A cantora está com 39 semanas e, apesar de ter óvulos congelados desde os seus 34 anos, a gravidez aconteceu naturalmente. “Sei o que preciso fazer para engravidar, mas, confesso, foi uma surpresa. Aos 41 anos, achei que fosse dificílimo. E está sendo uma gestação tranquila, não tive enjoos, estou muito alegre. O Pedro (Seiler, produtor cultural com quem se casou durante a pandemia) me deu todo o suporte e conforto emocional, sinto que estou com a pessoa certa para esse momento. A nossa filha vem para somar”, comenta.
Roberta conta que sentiu a pressão para engravidar desde antes da chegada dos 30. “Vivemos numa estrutura realmente machista. Fui questionada sobre isso desde os 27 anos. Já me coloquei em situações abusivas, que não gostaria de ter vivido, por conta dessa pressão sobre a mulher que precisa ser mãe, estar casada”, lembra. “Depois, somos aterrorizadas pela contagem de óvulos. Eu congelei, foi um processo ruim e caro, mas recomendo, para quem puder pagar, porque dá uma tranquilidade. Meu maior medo era ser uma pessoa frustrada em algum momento por desejar e não poder mais engravidar.”
Roberta manteve a rotina no estúdio e no palco durante boa parte dos últimos nove meses – incluindo uma turnê internacional com Hamilton de Holanda pela Europa, em maio. “Vem sendo um período que despertou muita força e criatividade. Fiz questão de estar no palco, quero que minha filha tenha essa imagem de mim”, diz, com lágrimas nos olhos. “Carregar uma mulher é muito potente e especial. Fiquei mais intolerante com os machistas. Olha tudo o que a gente faz gerando uma criança. Somos muito maravilhosas. Sei que não é fácil criar uma menina. Mas posso garantir para a minha filha que ela será ouvida desde pequena”, promete.
Roberta lançou seu primeiro disco em 2005 e foi no samba que fez seu nome. Em “Sambasá”, trouxe o clima de roda à tona e contou com participações de Péricles e Zeca Pagodinho. “A Roberta gosta do samba. O samba gosta da Roberta. E eu gosto de tê-la por perto. Sempre alegre, bacana, além de ter uma ótima afinação e bom gosto”, elogia Zeca.
Assim que a pandemia deu uma amenizada, e as pessoas foram vacinadas, Roberta correu para encontrar com o público. “Estava precisando da catarse do palco. Quis gravar um DVD com seis meses de gestação para deixar de presente para a Lina”, diz ela. “Me descrevem como uma cantora de samba, o que me envaidece muito. Mas quando vejo Jovelina (Pérola Negra, 1944-1988), Clementina (de Jesus, 1901-1987) e toda essa expressão negra feminina que vem de um lugar de ancestralidade, não me sinto à vontade para assumir esse rótulo. Prefiro dizer que sou uma cantora apaixonada pelo samba. Acho mais honesto”, finaliza.