Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2025
Os Correios vão receber R$ 4,03 milhões pelo atendimento prestado a beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que sofreram descontos indevidos de mensalidades associativas.
O contrato prevê o pagamento de R$ 7,90 por atendimento e foi pactuado sob a justificativa de agilizar o serviço para a população prejudicada pelas fraudes, mas também representa receita adicional para os Correios, que enfrentam dificuldades financeiras.
Segundo o INSS, 510 mil contestações foram feitas por meio do serviço postal. O número total de atendimentos, por sua vez, é maior (mais de 900 mil), mas a remuneração será devida apenas nos casos ligados aos descontos associativos indevidos.
A decisão do INSS de terceirizar parte do atendimento aos beneficiários enfrenta críticas internas. Representantes do órgão avaliam que o próprio instituto deveria fazer uma força-tarefa e abrir as agências em horário estendido para prestar o serviço à população.
Hoje parcela significativa dos servidores do órgão trabalha de forma remota e resiste a retomar as tarefas presenciais. Por isso, integrantes do governo defensores da solução via Correios afirmam que forçar o atendimento presencial nas agências próprias do INSS poderia ampliar a crise e levar até mesmo a uma greve.
Procurados, INSS e Correios responderam com um comunicado idêntico. A nota confirma que o atendimento vem sendo prestado por meio de um contrato no âmbito do programa Balcão do Cidadão (que também aceita pedidos de auxílio-doença via Atestmed), mas não informa os valores envolvidos.
“O contrato prevê repasses do INSS aos Correios para viabilizar a prestação do serviço, conforme as condições previamente estabelecidas. A implantação do novo atendimento foi realizada com base na infraestrutura já existente, sem gerar custos adicionais para os Correios”, diz o comunicado.
Os Correios estão sob pressão diante da sequência de prejuízos crescentes acumulados pela empresa. A estatal saiu de um resultado negativo de R$ 633,5 milhões em 2023 para um prejuízo de R$ 2,6 bilhões no ano passado.
No ano passado, estatal teve aumento de 4,7% nos custos operacionais.
Apenas nos três primeiros meses de 2025, os Correios já tiveram um saldo negativo de R$ 1,7 bilhão, mais que o dobro do acumulado no primeiro trimestre de 2024 (R$ 801,2 milhões).
A empresa enfrenta um cenário de queda brusca de receitas, sem que consiga ajustar suas despesas na mesma velocidade.
Segundo as demonstrações contábeis da companhia, o recuo em seu faturamento é puxado pelos serviços de postagem internacional, cujas receitas caíram 12% no ano passado. No primeiro trimestre de 2025, a queda se acentuou e foi de 58,4% em relação a igual período de 2024.
Desde o lançamento do Remessa Conforme, programa da Receita Federal que facilita o desembaraço aduaneiro de mercadorias importadas via empresas de comércio eletrônico que aderem ao programa, os Correios deixaram de ser a porta de entrada de pequenas encomendas, o que impactou suas receitas.
A implementação da medida surtiu efeitos fiscais positivos para o governo, que passou a arrecadar mais com a chamada “taxa das blusinhas” ao extinguir a isenção sobre mercadorias de até US$ 50 adquiridas por pessoas físicas.
No entanto, para os Correios, o saldo foi a perda repentina de receitas.
Por outro lado, a estatal tem tido aumento de despesas. Em 2024, seus custos de operação subiram 4,7%, puxados pelos gastos com pessoal, que tiveram alta de 8,1%. O balanço do primeiro trimestre deste ano mostra que a tendência permanece, com aumento de 9,1% nas despesas com pessoal e de 3,2% nos custos em geral. As informações são do portal Valor Econômico.