Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2023
O novo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou nessa segunda-feira (2), que o governo Jair Bolsonaro apagou obras não concluídas dos sistemas federais de monitoramento e controle. Costa disse que os próprios ministérios do governo federal não souberam informar ao gabinete de transição quantas obras paralisadas existem sob responsabilidade de cada pasta. Os números oficiais são divergentes, indicou o ministro, que classificou a situação como uma “paralisia completa” e “caos”.
“Nem sabemos quantas obras no Brasil estão paralisadas. Cada um tem um número. Nem o próprio ministério, cada pasta, consegue precisar quantas obras temos paralisadas hoje. Isso é a demonstração do caos que estamos recebendo”, afirmou o ministro, em discurso de posse no Palácio do Planalto.
“Ao buscar detalhar isso, a transição verificou que obras foram deletadas dos arquivos como se concluídas estivessem. Como se o governo federal dissesse: ‘Aquela creche que está com 70% de execução, como a responsabilidade é do prefeito, não é mais minha, apaga do sistema’. Passa a ser problema do prefeito numa tomada de contas junto ao Ministério Público. Não, é problema nosso e vamos resolver logo no início.”
Rui Costa também afirmou que há casas prontas do Minha Casa, Minha Vida desde o governo Dilma Rousseff e que jamais foram habitadas. O ministro prometeu solucionar a questão e disse que ainda no primeiro semestre todas as casas já construídas serão entregues a novos moradores que estão na fila do programa. Segundo ele, há centenas de casas edificadas, mas algumas não têm ainda vias de acesso aos condomínios residenciais. “Isso é inadmissível. Todas serão habitadas ainda no primeiro semestre desse ano”, disse Costa.
Costa disse que a prioridade dele será destravar as conclusões de obras com recursos federais. Segundo reiterou o ministro, esse é um pedido direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma lista de será definida com Lula, após a conclusão da montagem dos ministérios, com monitoramento da Casa Civil.
“Com prazos, porque o povo tem pressa. Quem tem pressa não é o presidente, não é o ministro da Casa Civil, quem tem muita pressa, ansiedade de sair da fome, de ter uma casa para morar é o povo”, afirmou.
Ao cumprimentar ministros do Tribunal de Contas da União e de cortes superiores, pediu cooperação e falou em diálogo para dar andamento às intervenções federais. “Vamos buscar muito diálogo para destravar ações e obras judicializadas para o Brasil gerar emprego e renda para as pessoas”, disse o ministro.
Costa também pregou parcerias internacionais com embaixadas de países representados em Brasília e disse que há expectativa internacional em relação ao presidente Lula e ao Brasil.
“O mundo inteiro tem grande expectativa do Brasil, do presidente Lula, de retomada do Brasil como ator e como sujeito de um planeta melhor, ambientalmente sustentável. O Brasil é muito relevante nesse debate. Assim como sempre foi muito relevante como palavra pacificadora, de buscar a solução dos conflitos internacionais pelo diálogo”, afirmou.
Diálogo
O novo ministro voltou a dizer que buscará diálogo entre todos os setores produtivos e da sociedade, por orientação de Lula. Os focos são a indústria, o comércio e a agricultura. Ele sugeriu que vai tentar uma aliança entre os grandes empresários do agronegócio nacional e os pequenos agricultores, intermediação que disse ter feito com sucesso no oeste baiano.
A ideia é que a agroindústria faça contratos de longo prazo, com preço definido, com agricultores familiares, para garantir a sustentabilidade dos negócios de cada um. Segundo o ex-governador, é preciso superar o conceito de que as agriculturas são “antagônicas”.
Costa também relacionou empresários do agro aos protestos a favor de um golpe de Estado contra a eleição de Lula, como indicaram investigações. Ele disse que dialogou com os produtores da Bahia e que pretende agora envolver a setor no governo.
“Trabalharemos para unir o setor agrícola brasileiro. Haveremos de deixar para trás um passado triste da história do Brasil, esse momento de tensão. Vocês acompanharam os protestos pós-eleição”, disse. “Eu digo para eles: ‘vocês são empresários de ponta, todos podem contribuir para esse projeto, não será por falta de convite ou persistência’. Assim como a indústria, precisamos reindustrializar o Brasil.”
O ministro confirmou a intenção de Lula de receber os governadores para uma audiência nas próxima semanas, a fim de estabelecer uma pauta conjunta de trabalho, com base no pacto federativo. Segundo ele, haverá um governança comum do País, não de imposição, com reuniões regulares. “É a retomada de um País que vai crescer, acelerar, dialogando”, afirmou Costa.