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Música Saiba como a inteligência artificial revelou os segredos dos Beatles

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Ensaio dos Beatles registrado no documentário Get Back. (Foto: Disney/Divulgação)

Em 1968, John Lennon cantava no disco branco dos Beatles que todos tinham algo a esconder, exceto ele e o seu macaco. É quase uma verdade: assim como os seus três companheiros de banda, o vocalista também tinha coisas a esconder – principalmente dos fãs. Mas, agora, segredos que permaneceram guardados por 50 anos foram expostos por sofisticados algoritmos de IA (inteligência artificial).

No documentário Get Back, disponível no Disney+, o diretor Peter Jackson restaurou o material captado em 1969 por Michael Lindsay-Hogg para o documentário Let It Be. As melhorias nas imagens trazem aos olhos cores vibrantes e causam impacto imediato. Mas é no novo áudio que partes das personalidades dos integrantes dos Beatles se descortinam, o que ajuda a construir a narrativa do filme.

O desafio era grande: quando Lindsay-Hogg registrou os ensaios dos Beatles nos estúdios Twickenham, ele espalhou alguns microfones pelo espaço, que captavam em uma única massa sonora tudo o que acontecia: conversas, ruídos e sons de instrumentos – era como uma gravação de show feita pelo celular nos dias atuais. Assim, era impossível controlar todas essas fontes para trazer o que havia de melhor e mais interessante. O formato é a antítese da gravação de um disco, em que cada elemento é gravado separadamente e é possível ter domínio sobre aquilo que se planeja mostrar.

Era hora de recorrer à tecnologia. “Fizemos grandes avanços em áudio no documentário. Desenvolvemos um sistema de aprendizado de máquina (uma técnica de inteligência artificial) para o qual ensinamos o som de uma guitarra, o som de um baixo e o som da voz. Assim, pudemos pegar a faixa em mono (com todos os sons gravados) e separar todos os instrumentos”, contou Jackson à revista Variety.

A técnica se chama “unmixing”, algo como “desmixagem”. Ao contrário da “mixagem”, que tenta acomodar da melhor forma os vários elementos sonoros de uma gravação em uma única faixa, a desmixagem tenta desmembrar os vários componentes de uma gravação. “É como se fosse possível pegar uma vitamina de frutas e isolar a banana, a maçã e o mamão”, explica Geraldo Ramos, fundador da startup Moises, especializada em algoritmos do tipo.

O esforço para isolar instrumentos não é assunto novo para produtores e engenheiros de som. No passado, os profissionais usavam equalizadores para tentar eliminar as frequências de determinados instrumentos – as tentativas eram feitas principalmente para apagar os vocais e, como resultado, ter versões instrumentais de músicas. Dificilmente funcionava. Foi só a partir da metade da década de 2000, quando a onda de digitalização se consolidou e transformou estúdios em todo o mundo, que os experimentos com desmixagem aumentaram.

Empresas de software, como a AudioSourceRE e a Audionamix, estão entre as primeiras a lançarem programas de computador dedicados à desmixagem.

A IA costuma ser boa para detectar padrões, o que, de certa forma, é parte do processo de desmixagem. Em tese, um engenheiro de som com “ouvido absoluto”, olhos superatentos para espectrogramas (as representações visuais de frequências), altíssima habilidade para lidar com equalizadores e programas de computadores tradicionais seria um bom candidato para identificar o comportamento de frequências e timbres de instrumentos e fazer as manipulações necessárias para fazer a separação. Seria um tipo raríssimo de profissional, quase um robô – e mesmo assim, ele estaria atrás da IA.

Para que uma máquina faça a desmixagem, ela precisa treinar com muitos exemplos dos sons que ela deve procurar dentro de uma gravação. Por isso, os algoritmos são expostos aos instrumentos isoladamente. No caso de análise focada em um artista específico, como dos Beatles, o ideal é que a máquina seja exposta aos mesmos modelos de amplificadores, guitarras, contrabaixos e peças de bateria usados pela banda.

Em Get Back, a equipe de Peter Jackson foi além de recuperar os instrumentos. “Percebemos que o John e o George ficavam bastante conscientes de que suas conversas privadas estavam sendo filmadas o tempo todo”, disse o diretor ao site Guitar.com.

“Quando eles estavam conversando, eles aumentavam bastante os amplificadores e ficavam fazendo barulho. Eles não estavam tocando, nem afinando. Então os microfones do Michael Lindsay-Hogg captavam só barulho de guitarra, mas você via os Beatles tendo conversas privadas”, diz ele. Jackson, então, disse que sua equipe treinou algoritmos não apenas para identificar instrumentos – ele capacitou a máquina para reconhecer as vozes dos quatro integrantes da banda, o que permitiu manipulação total do que foi exibido.

“Algumas partes chave do filme trazem conversas privadas que eles tentaram esconder, mas conseguimos remover as guitarras”, afirmou Jackson à Guitar.com. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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https://www.osul.com.br/saiba-como-a-inteligencia-artificial-revelou-os-segredos-dos-beatles/ Saiba como a inteligência artificial revelou os segredos dos Beatles 2022-02-04
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