Por Redação O Sul | 7 de dezembro de 2023
Os sinais de que algo está muito errado com o clima estão por todas as partes. Das pedras que surgem nos leitos dos caudalosos rios amazônicos às rachaduras no chão que quebram a magia das cidades da Serra Gaúcha. Nos últimos meses, não faltaram cenas dramáticas em alguns dos destinos brasileiros mais cobiçados por viajantes e que mostram como as mudanças climáticas também impactam, de maneira direta, a atividade turística no País.
O cenário caótico de 2023 já havia dado as caras no meio do ano, em pleno verão do Hemisfério Norte. Eventos dramáticos como incêndios fora do controle no Havaí e ondas de calor sufocante no Mar Mediterrâneo, causaram grandes prejuízos para o setor de viagens da Europa e dos EUA. Essa preocupação, inclusive, é pauta de reuniões paralelas da Organização Mundial do Turismo (OMT) na Cop28, que acontece até 12 de dezembro em Dubai.
No Brasil, os problemas se acentuaram ainda na primavera, muito por conta do El Niño, fenômeno que altera a distribuição de umidade e calor em diversas áreas do planeta, especialmente nas zonas tropicais — e cujo auge, segundo os cientistas, ainda está por vir, entre dezembro e janeiro.
“Por causa do El Niño, o aumento considerável da temperatura já era esperado para 2023, mas essa dramaticidade não. Isso pode ser uma consequência do processo de mudanças climáticas pelo qual o planeta tem passado nas últimas décadas, que se acentuou neste século”, explica Guilherme Borges, meteorologista do Climatempo. “Se o padrão de outros períodos de El Niño for mantido, a previsão é que as altíssimas temperaturas se mantenham ao longo de 2024.”
Longo prazo
Para ele, os impactos das mudanças climáticas no turismo brasileiro podem ir além de contratempos pontuais:
“A médio e longo prazo, podemos ter destinos deixando de ser tão atrativos por causa do calor. A subida do nível do mar pode provocar danos em estruturas costeiras, como hotéis à beira-mar. O aquecimento dos oceanos pode interferir nos ecossistemas marinhos, que hoje atraem turistas para locais da nossa costa. Sem falar de áreas já bastante sensíveis, como o Pantanal, que voltou a registrar incêndios recordes este ano.”
Presidente executiva da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), Marina Figueiredo, compartilha desta preocupação. Com o clima cada vez mais instável, ela teme por uma desorganização da cadeia produtiva do setor.
“O turismo é uma atividade muito sensível e dependente da natureza. No futuro, as pessoas poderão deixar para programar suas viagens em cima da hora, para diminuir os riscos de cancelamento por conta de eventos climáticos”, ela diz. “Se isso for constante, pode levar a um aumento do preço dos pacotes e passagens, e também a uma dificuldade maior de planejamento dos prestadores de serviço, que não conseguirão prever quantos clientes receberão e quantas pessoas terão de contratar para a temporada, por exemplo.”
Voltar Todas de Viagem e Turismo
