Nessas situações, o cérebro reage como se estivesse diante de um risco real, mesmo quando não há ameaça concreta. A amígdala, região responsável por identificar o perigo, entra em estado de hiperatividade e dispara um alerta para o restante do corpo.
“A amígdala funciona como um alarme. Em pessoas com crise de ansiedade, ela interpreta situações comuns como ameaçadoras e aciona o sistema de resposta ao estresse”, explica a neurologista Caroline Santos, do Hospital Santa Lúcia, no Gama, em Brasília.
O hipotálamo, então, entra em ação ativando o sistema nervoso autônomo, que prepara o organismo para lutar ou fugir. Enquanto isso, o córtex pré-frontal, que ajuda no raciocínio e no controle emocional, reduz sua atividade, o que dificulta o pensamento lógico e aumenta a sensação de descontrole.
Já o hipocampo, que ajuda a interpretar a realidade com base em memórias, pode contribuir para que o cérebro enxergue perigo onde não há.
Todo esse processo cerebral desencadeia uma resposta hormonal em cadeia. O corpo libera adrenalina e cortisol, substâncias que aumentam a frequência cardíaca, elevam a pressão arterial e mantêm o estado de alerta em alta.
Segundo o psicólogo Victor Bastos Ventura, do Grupo Reinserir Psicologia, a crise também afeta o circuito de recompensa do cérebro. “Há redução da atividade dopaminérgica, o que impacta a resposta a estímulos positivos e dificulta o aprendizado de segurança. Isso contribui para o mal-estar e a dificuldade de experimentar prazer”, afirma.
Entre os sinais mais comuns estão coração acelerado, falta de ar, suor, tremores, tensão muscular, náuseas e tontura. Todos esses sintomas resultam da ativação do sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para reagir ao suposto perigo.
Embora uma crise isolada possa ser intensa, ela tende a passar sem deixar consequências duradouras. O cérebro volta ao estado normal depois que o episódio é superado. No entanto, em pessoas com transtorno de ansiedade, o padrão é diferente.
Em quadros crônicos, o funcionamento cerebral pode ser alterado de forma mais profunda. Victor Bastos explica que o estresse contínuo pode levar à chamada neuroplasticidade mal adaptativa.
Essas mudanças estruturais e funcionais podem persistir, reforçando o ciclo da ansiedade e dificultando a recuperação espontânea. Por isso, identificar os sinais precocemente e buscar ajuda são passos fundamentais para quebrar esse ciclo e restabelecer o equilíbrio no cérebro e no corpo.