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Brasil Saiba o que está por trás da alta recorde do risco-país, que mede a desconfiança do investidor estrangeiro sobre o Brasil

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Agentes estão percebendo que país está mais vulnerável por causa do coronavírus e do petróleo. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Desde que as notícias a respeito do avanço global do coronavírus passaram a assustar o mercado financeiro em todo o mundo, piorou também a percepção do investidor estrangeiro a respeito do Brasil.

Nos primeiros dias de março, os indicadores que medem a desconfiança estrangeira nas economias emergentes, como a brasileira, apontaram piora para além da alta do dólar e da queda do mercado de ações, que nesta segunda-feira (9) teve a pior desvalorização do século.

A Bolsa de Valores de São Paulo chegou a ter as negociações suspensas temporariamente após atingir 10% de queda pouco depois do início do pregão — levando ao acionamento do mecanismo chamado de circuit breaker. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou o dia em queda de 12,17%, caindo a 86.067 pontos, a maior baixa percentual diária desde 10 de setembro de 1998.

Só em março, a percepção de risco medida pelo CDS (Credit Default Swap) aumentou 75%, de 110 pontos para 193 pontos, segundo dados compilados pelo economista Joelson Sampaio, professor na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP). Só de sexta para segunda-feira, o indicador aumentou 33%.

Maneiras de medir

Além do CDS, outra maneira de medir o risco país é pelo indicador EMBI+, calculado pelo banco de investimentos JP Morgan desde 2004 e que é um índice baseado nos bônus (títulos de dívida) emitidos pelos países emergentes. Segundo o Ipeadata, o indicador começou o ano em 218 pontos, chegou a bater os 252 pontos no fim de fevereiro e 247 pontos no início de março.

Na prática, o que o indicador sinaliza é o quanto a mais um investidor exigiria receber em um título brasileiro na comparação com o título dos EUA, considerado o mais seguro do mundo.

Os pontos calculam o spread soberano, que é a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. O cálculo considera uma cesta de títulos de cada país.

No período pré-eleitoral de 2002, quando as incertezas em relação ao futuro do país eram grandes no exterior, o risco-país chegou a subir para 2.436 pontos.

Sampaio diz que, embora o risco-país seja um indicador importante para se analisar a postura dos investidores para além da Bovespa e do dólar, é uma medida muito volátil, que reage de maneira rápida e intensa. Não significa, por exemplo, que o aumento do risco país representará, na mesma intensidade, um impacto na economia real. “O mercado reage rápido de forma intensiva, mas essa velocidade não reflete o lado real”, diz. “Interessante é ter um pouco de cautela”.

Medo global

Para o economista Rodrigo De Losso, Ph.D. em economia pela Universidade de Chicago (EUA) e professor titular da FEA/USP, a piora dos indicadores de risco refletem majoritariamente a piora do cenário global. Embora a economia do Brasil esteja crescendo lentamente e o crescimento de 1,1% do PIB tenha decepcionado as expectativas de grande parte dos analistas, tal decepção já estava precificada.

De Losso destaca que, antes das notícias sobre o espalhamento global do coronavírus, o risco país vinha caindo a mínimas históricas. “Até dias atrás estávamos na menor diferença possível ao longo de todos esses anos.

Por causa do coronavírus e do petróleo, os agentes estão percebendo que o país está mais vulnerável, porque vai ter mais dificuldade para exportar, a China vai exportar menos e isso pode gerar uma dificuldade para o país”, diz.

Ele pondera, inclusive, que ainda é preciso esperar para saber se a reação dos mercados é exagerada, ou se realmente o efeito do novo vírus levará a economia global ao risco de uma nova depressão.

Para Fernando Ribeiro, do Insper, o fato de o cenário global ser o principal elemento do noticiário econômico dos últimos meses não isenta a participação doméstica na percepção de risco dos investidores.

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