Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2025
Já parou para imaginar que uma explosão lá no Sol possa, de algum modo, “balançar” seu coração? Pois é exatamente essa hipótese que motiva a mais recente pesquisa feita por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), publicada em julho na revista Communications Medicine. Eles estabeleceram um elo estatístico entre tempestades solares e um aumento de infartos, especialmente entre mulheres.
Para entender isso, é preciso primeiro compreender o que são as tempestades solares e o ciclo solar. O Sol, nosso astro-rei, tem fases de atividade magnética que duram, em média, 11 anos, momentos em que ele emite mais partículas carregadas que interagem com a Terra.
Essa fase é chamada de “máximo solar”. Quando essas partículas atingem nossa magnetosfera, a camada de interação entre o vento solar e o campo magnético terrestre, podem gerar distúrbios magnéticos que afetam satélites, sinais de GPS e, segundo a investigação recente, até o corpo humano.
Entenda
Os pesquisadores do INPE estudaram dados de 1998 a 2005 em São José dos Campos (SP), um período de intensa atividade solar, e cruzaram 1.340 casos de internação por infarto (871 homens e 469 mulheres) com registros do Índice Kp, indicador das variações geomagnéticas. Eles classificaram os dias como “calmos”, “moderados” ou “perturbados” e compararam as taxas de infarto por sexo e faixa etária.
Nos homens, os casos eram consistentemente quase o dobro, independentemente das condições geomagnéticas, mas o resultado mais instigante veio delas: entre mulheres na faixa de 31 a 60 anos, a taxa de infartos em dias de perturbação magnética pode ser até três vezes maior.
É importante destacar, porém, que esse estudo é observacional e concentrado em uma única localidade, o que impede afirmações definitivas. Segundo a Agência Fapesp, os autores deixam claro que não buscam gerar alarme, mas sim evidenciar uma pista a mais na interface entre fenômenos naturais e a saúde humana. Também não exploraram no artigo os mecanismos que tornariam as mulheres mais vulneráveis, esse é um convite para futuras pesquisas.
Também chamado de infarto do miocárdio, o infarto ocorre quando uma artéria que irriga parte do coração fica bloqueada, impedindo que o sangue chegue ao tecido cardíaco. Sem oxigênio, aquele pedaço do músculo cardíaco sofre dano ou morre.
Os sintomas podem incluir dor no peito, falta de ar, sudorese, náuseas ou sensação de pressão no tórax. No contexto do estudo, o que espanta não é que ele aconteça, mas que variações tão remotas quanto as solares possam, talvez, aumentar sua incidência em momentos específicos. As informações são do jornal O Globo.