Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2019
Na última semana de trabalho de 2019, Sérgio Moro tem recorrido a uma frase curta para explicar a interlocutores por que, em sua avaliação, o ano foi promissor para o governo Jair Bolsonaro:
“Não tivemos nenhum escândalo de corrupção no governo”.
Inquérito arquivado
Sem tomar os depoimentos de Jair Bolsonaro e do ministro Sérgio Moro e sem realizar qualquer ato de investigação, a então procuradora-geral da República Raquel Dodge solicitou e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski mandou arquivar, na quarta (18), um pedido de apuração sobre o presidente e o ministro.
A bancada do PT no Congresso havia pedido ao STF que ambos fossem investigados após o presidente ter declarado, em junho, que teve acesso a informações do inquérito, que tramitava sob segredo, a respeito dos laranjas do PSL em Minas Gerais.
Revelado pela Folha de S.Paulo no início de fevereiro, o caso dos laranjas do PSL, o partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, é alvo de investigações da PF e do Ministério Público em Minas e em Pernambuco e levou à queda do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que comandou o partido em 2018.
Em 27 de junho, a PF deflagrou uma operação para investigar o assunto e prendeu um assessor de Antônio. Um dia depois, quando concedeu uma entrevista coletiva em Osaka, no Japão, Bolsonaro foi indagado sobre o assunto e respondeu: “Ele [Moro] mandou a cópia do que foi investigado pela Polícia Federal pra mim. Mandei um assessor meu ler porque eu não tive tempo de ler”.
O caso, entretanto, tramitava sob segredo na 26ª Zona Eleitoral de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Dias depois da declaração de Bolsonaro, procurado pela Folha, o Ministério da Justiça confirmou ter repassado informações sobre o inquérito ao presidente e que elas não comprometiam o andamento das investigações.
Para Lewandowski, contudo, “não há elementos probatórios suficientes para justificar a deflagração da persecução criminal”. O pedido da bancada do PT ao STF era justamente a abertura de uma investigação a fim de que ficasse esclarecido como ocorreu e quando o repasse das informações que constavam de um inquérito sigiloso.