Domingo, 20 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de junho de 2021
Nem óculos de grau, nem cirurgia para correção visual. Para 8,4 milhões de brasileiros, as lentes de contato são a opção para enxergar melhor sem precisar de acessórios externos ou de um procedimento cirúrgico. O número é da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato (SOBLEC) e revela que muita gente ainda prefere a discrição das lentes aplicadas diretamente nos olhos. A médica oftalmologista Cristina de Camargo Cury conta que uma das principais vantagens das lentes é que elas podem atender praticamente todos os pacientes. A profissional também observa que os modelos de descarte diário são bastante procurados: “Existe uma tendência dos fabricantes em aumentar o uso dessas lentes, que é usada somente por um dia e jogada fora à noite. Na manhã seguinte, o paciente coloca uma lente nova”.
Embora o custo ainda seja mais alto – não tanto pelo preço, mas pela frequência de compra – a conta final pode valer a pena, já que as lentes de descarte diário dispensam gastos com produtos específicos de limpeza.
Quem pode usar lentes de descarte diário?
Praticamente todos os pacientes com algum grau de miopia ou hipermetropia. Antes, é preciso passar por exames com o médico oftalmologista, já que alguns problemas de visão impedem o uso do modelo. A Dra. Cristina explica quais são: “Os casos não recomendados são os altos graus de astigmatismo ou irregularidades corneanas, como no ceratocone. Quem tem olho seco, alergias ou inflamações das pálpebras tem que tratar o problema antes da adaptação das lentes”, ressalta.
Existem casos, como o olho seco severo, em que a adaptação de lentes pode ser difícil. Porém, mesmo nesses casos, existe uma lente chamada de escleral que pode ajudar no desconforto do olho seco.
As lentes de contato de descarte diário também podem ser uma “mão na roda” para os pais – imagine deixar o cuidado por conta das crianças, ou ainda ter que fazer a higienização todos os dias, em meio a uma rotina atribulada? Outra vantagem do modelo é a praticidade: poder viajar ou trocar as lentes fora de casa, sem se preocupar com um espaço adequado para a limpeza.
Adaptação e cuidados
Antes de iniciar o uso das lentes, é obrigatório passar por uma consulta inicial com o oftalmologista. É preciso fazer uma série de exames, que servem para avaliar principalmente a córnea, “mas também vemos o filme lacrimal, as pálpebras, enfim, toda a superfície ocular”, completa a oftalmologista.
Feitas essas avaliações, chega o momento da adaptação às lentes de contato. Afinal, é um “corpo estranho” inserido nos olhos e, passado o estranhamento dos primeiros dias, a tendência é que o paciente se sinta cada vez mais acostumado com a rotina de colocar as lentes. A consulta de retorno acontece em 30 dias e, depois, há um acompanhamento semestral.
Sem precisar da higienização diária, a praticidade ganha espaço na rotina – mas todo paciente que usa lentes de contato deve ter os óculos de grau. “Por melhor que seja a lente, existe uma diminuição na oxigenação da córnea. Por isso a importância de retirá-las”, explica a oftalmologista da Médicos de Olhos S.A. Ou seja: dormir com as lentes, nem pensar, independentemente do modelo escolhido. Isso porque, por maiores que sejam os cuidados, ainda há o risco de infecções, que podem ser graves e de difícil tratamento. Em tempos de COVID-19, onde a contaminação pode acontecer pelos olhos, todo cuidado é pouco. “Todo paciente que usa lentes tem propensão a esticar o uso, aí que está o erro. É essencial jogar as lentes de descarte diário no lixo, sem dó! Sempre que temos casos de complicações, alguma etapa não foi respeitada, seja da higiene ou do descarte”, completa.