Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2021
A variante de Manaus do coronavírus já circula na cidade de São Paulo, informou a Prefeitura no sábado (13). A nova cepa foi identificada em um morador da capital que não esteve no Amazonas. O paciente apresentou sintomas leves de síndrome gripal e não precisou de internação.
A Secretaria Municipal da Saúde alertou a população sobre a maior transmissibilidade dessa variante e recomendou a busca imediata do Serviço de Saúde do município de São Paulo em caso de qualquer sintoma da doença – tosse, febre, dor de cabeça, entre outros.
A detecção do caso positivo ocorreu na sexta-feira (12). O exame foi realizado pelo Instituto de Medicina Tropical, da Universidade de São Paulo, segundo a secretaria. Os cuidados com pacientes contaminados pela nova cepa são os mesmos do coronavírus.
A imunologista Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), diz ser possível que a variante comece a crescer de forma acelerada na cidade de São Paulo, assim como ocorreu em Manaus.
“São Paulo recebe a maioria dos voos de Manaus. Os casos da variante começaram em dezembro, então já estamos recebendo possíveis pessoas infectadas há dois meses”, diz Sabino. “O início de uma epidemia é mais lento, demora até que a gente comece a detectar a transmissão local. Depende de as pessoas chegarem infectadas e dessas pessoas transmitirem”, conclui.
Sabino, que no começo da pandemia participou do sequenciamento do coronavírus no Brasil, afirmou que a variante identificada em Manaus no começo do ano, chamada de P.1, tem potencial para infectar pessoas que já tiveram a Covid-19.
“Essa variante contém mutações, já relacionadas tanto na Inglaterra quanto na África do Sul, que fazem com que a cepa fique mais transmissível. Além disso, ela tem a mutação 484, que faz com que essas linhagens escapem do sistema imune. Pessoas previamente infectadas pela cepa anterior podem ser reinfectadas”.
De sete internados, dois morreram
Na capital paulista, a Secretaria de Saúde do município decidiu concentrar no Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, em Pirituba, os pacientes infectados pela variante do coronavírus de Manaus. A secretaria orientou as unidades de saúde a identificarem, na entrevista inicial, os casos em que os pacientes estiveram na capital manauara para que a variante do vírus seja confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz.
Até a sexta-feira (12), sete pacientes com suspeita de terem sido contaminados pela nova variante foram encaminhados para internação na unidade de Pirituba.
Destes, dois morreram, quatro receberam alta e um segue internado. A mulher internada é moradora de São Paulo, de 69 anos, que viajou a Manaus no dia 5 de janeiro, para visitar filho e neto, e permaneceu lá por 15 dias. Os primeiros sintomas foram sentidos ao retornar a São Paulo. Ela foi atendida inicialmente em unidades básicas de saúde e encaminhada ao hospital de Pirituba. Foi internada no dia 4 de fevereiro e permanece entubada, em estado grave. O hospital tem 10 leitos isolados para atender casos com a nova cepa.
Dos sete pacientes, porém, apenas um teve a infecção pela variante de Manaus confirmada até agora. Os demais aguardam resultados exames do Instituto Adolfo Lutz.
Até quinta-feira (11) haviam nove casos confirmados da nova cepa do coronavírus no estado de São Paulo: oito em pacientes que foram a Manaus e um que teve contato com pessoas que estiveram no Amazonas, mas que não viajou ao estado.
Na sexta-feira (12), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, admitiu preocupação com o impacto que o surgimento de novas variantes do coronavírus pode ter na eficácia das vacinas, mas afirmou que as características da CoronaVac minimizam a possibilidade de problemas.
Os imunizantes da AstraZeneca/Oxford, Pfizer, Sputnik V e Johnson & Johnson são baseados na proteína S. Eles usam tecnologia de vetor viral: os genes do coronavírus são introduzidos em outro vírus, alterado geneticamente para não se multiplicar. A CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o órgão paulista, usa um método diferente, baseado no vírus inteiro inativado.