Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de outubro de 2018
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, definirá os nomes de seus ministros e dos presidentes de estatais em até 30 dias após a eleição, caso vença o segundo turno da corrida presidencial no próximo domingo, disse o presidente do PSL, Gustavo Bebianno.
Em entrevista a jornalistas no Rio de Janeiro, Bebianno também afirmou que Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto, não buscará eleger os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. O dirigente partidário também fez a avaliação de que não é saudável a concentração de poder no Executivo e no Legislativo.
O capitão reformado do Exército já confirmou os nomes de Paulo Guedes, seu guru econômico, para um superministério da Economia, do general Augusto Heleno para o Ministério da Defesa e do deputado federal reeleito Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Casa Civil. Em entrevista concedida ao jornal O Globo, o presidente do PSL disse que quatro ou cinco generais devem compor a equipe ministerial de Bolsonaro.
“A escolha não é por ser ou não das Forças Armadas, mas pela competência e desenvoltura que o capitão imagina que a pessoa vá ter. Pelo desenho de hoje, são uns quatro ou cinco (generais)”, afirmou Gustavo Bebianno.
Generais
Além do próprio candidato, capitão reformado do Exército, seu núcleo duro de campanha conta com o vice, general Hamilton Mourão, e três auxiliares: Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Oswaldo Ferreira, de quatro estrelas, e Aléssio Ribeiro Souto, de três.
O primeiro, coordenador do programa de governo e indicado como possível titular da Defesa, é o mais próximo do presidenciável. Aos 70 anos de idade, foi o primeiro comandante da bem-sucedida missão de paz da ONU no Haiti.
Tido como conciliador e maleável, é bastante respeitado nas Forças Armadas. Até há pouco tempo, o atual comandante-geral do Exército, Eduardo Villas Bôas, o tinha como conselheiro. Como comandante militar da Amazônia, contudo, causou confusão e chegou a provocar um mal-estar entre o Exército e o governo Lula ao afirmar que a demarcação de terras indígenas era “lamentável, para não dizer caótica”. Está na reserva desde 2011.
Braço-direito de Heleno, o general Oswaldo Ferreira é o responsável pelos projetos de infraestrutura e possível titular da pasta de mesmo nome. Ele foi convidado por Bolsonaro para integrar sua equipe pouco depois de entrar para a reserva, em abril do ano passado.
Engenheiro formado pela Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), chefiou o Comando Militar do Norte. Já deu mostras de ter opiniões para lá de contundentes. Recentemente, queixou-se da fiscalização ambiental em obras, comentando que, quando era um jovem tenente, não havia “nem Ibama nem Ministério Público para encher o saco”. Entre as grandes ambições do general está a conclusão das obras da usina Angra 3 (leia o quadro na página ao lado). A área de Ferreira é hoje a que oferece maior potencial de colisão entre o grupo dos militares e o economista Paulo Guedes.
Cotado para o Ministério da Fazenda, Guedes elabora um plano radical para privatizar 1 trilhão de reais em ativos e passar à iniciativa privada uma miríade de obras de infraestrutura, cujo valor das concessões serviria para abater da dívida pública. Ferreira, devoto da escola desenvolvimentista de Ernesto Geisel e Dilma Rousseff, acredita que cabe ao Estado induzir o crescimento, inclusive por meio da retomada de obras — o que confronta diretamente as ideias privatistas de Guedes.
O terceiro general de Bolsonaro, Aléssio Souto, na reserva desde 2011, é o menos próximo dos generais do Exército ainda na ativa. Responsável pela elaboração dos programas na área de educação e ciência e tecnologia, é do tipo que gosta de externar opiniões inflamadas.
Já defendeu uma “intervenção militar” para colocar “a democracia nos devidos eixos”. Nada muito diferente do que já foi dito pelo general Mourão, que nos últimos tempos tem deixado cada vez mais clara sua indisposição para ser um vice de caráter apenas decorativo.
Com exceção de Mourão, os três generais de Bolsonaro costumam se reunir diariamente no subsolo do hotel Brasília Imperial, no Setor Hoteleiro Sul da capital federal, onde, entre goles de café e pão de queijo, discutem os rumos do País.
A esse grupo se somam, com frequência inconstante, pelo menos outros quinze militares, com menor grau de proximidade com Bolsonaro, entre eles o brigadeiro Ricardo Machado e o astronauta e tenente-coronel da FAB (Força Aérea Brasileira) Marcos Pontes, já convidado por Bolsonaro a assumir o Ministério de Ciência e Tecnologia. Os participantes se dividem entre seis grupos temáticos que incluem segurança, saúde e meio ambiente. O elo entre todos eles é Waldemar Gonçalves Ortunho Junior, coronel reformado do Exército e encarregado de compilar as propostas e enviá-las para Bolsonaro.