Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2016
“Nunca antes na história deste país”, poderá dizer Hillary Clinton, 68 anos, se eleita primeira presidente mulher dos Estados Unidos. Seu marido, Bill Clinton, 69, também terá direito a emprestar o bordão lulista. Após comandar o território americano de 1993 a 2001, Clinton voltaria à Casa Branca em um papel até aqui ocupado por 45 mulheres: primeira-dama dos EUA (uma delas repetiu o papel, e dois dos 44 presidentes casaram-se de novo no cargo).
Como chamá-lo? Nem Hillary sabe. “‘First dude’ [primeiro-cara], ‘first mate’ [primeiro-companheiro], ‘first gentleman’ [primeiro-cavalheiro], apenas não sei”, disse a pré-candidata democrata no programa “Jimmy Kimmel Live!”.
O cargo não está na Constituição, mas habita o imaginário popular. O título “first lady” veio do hábito de se referir à primeira delas, a mulher de George Washington, como “lady Martha”. (Para Jackie Kennedy, soava como “nome de cavalo premiado”.) Mas como Bill, homem e ex-presidente ainda por cima, se comportaria no posto?
Sem chás da tarde.
“Duvido que ofereça chás da tarde”, brinca o advogado Robert Shapiro, da Universidade Columbia (EUA). “Acho que ele representaria Hillary em ocasiões e defenderia publicamente as políticas dela. E a presidente confiaria a ele alguns assuntos. Ela, quando primeira-dama, envolveu-se na reforma do sistema de saúde.”
Incluir Bill em sua chapa, como vice, “passou pela cabeça”, revelou Hillary em setembro de 2015, ressalvando que a ideia é inconstitucional (ele já cumpriu dois mandatos). Na mesma entrevista ao programa de amenidades “Extra”, ela falou sobre a socialite Kim Kardashian, com quem tirou fotos em um evento: “Ela tinha um jeito afável de apresentar o marido [o rapper Kanye West] como se eu não soubesse quem era”. No caso da ex-secretária de Estado, todos saberão quem Clinton é, e isso facilita um bocado, aponta o historiador da Biblioteca das Primeiras-Damas, em Ohio (EUA), Carl Anthony.
Barreiras de gênero se mantêm.
Ele aposta que a população americana já se acostumou com os Clinton e não estranharia o novo arranjo. Algumas barreiras de gênero, contudo, persistem. “Não acredito que falariam sobre o smoking do ‘primeiro cavalheiro’, mas do vestido de gala da presidente”, reconhece.
A democrata se viu obrigada a encarar papéis ditos tradicionais no começo dos anos 1990. Quando o marido era candidato, parecia disputar um torneio para dona de casa – a Branca, no caso. Aceitou “duelar” com Barbara Bush, mulher do então presidente, George Bush pai. As duas assaram biscoitos a pedido da revista “Family Circle”, e Hillary venceu. Ela fez a fornada em aceno ao eleitorado feminino.
Muitas donas de casa, porém, não gostaram de ouvi-la dizer que podia ter abdicado do sucesso profissional e “ficado em casa fazendo biscoitos e tomando chá”. (Folhapress)