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Colunistas Se o moderno inova, o antigo conserva a essência

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Algumas palavras da nossa língua têm significados múltiplos, por vezes podem haver palavras com diversos sentidos. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Algumas palavras da nossa língua têm significados múltiplos, por vezes podem haver palavras com diversos sentidos.

Exemplo clássico é o substantivo cravo.

Pode ser o tempero, a flor, prego de ferradura, o instrumento musical e até tempo de verbo — eu cravo — do verbo cravar.

Uma só palavra, cinco significados diferentes.

Vamos além, frases escritas com uma vírgula a mais alteram totalmente o sentido.

A clássica nas aulas de português:

Se o rei condena, eu não perdôo!

Está condenado.

Se o rei condena, eu não, perdôo!

Está perdoado.

São características da nossa linguagem, as quais estamos acostumados e treinados para estas “armadilhas”, ou não?

São “brechas” do sentido das palavras, somadas aos contextos da situação específica.

Esta brecha vem proporcionando o que seguidamente lemos nas notícias:

(…) em uma nova interpretação do Judiciário (…)

Principalmente nos tribunais superiores e no STF, que gostam de inovar; são as mais variadas, criativas e novas interpretações das leis.

As palavras, já de algum tempo, vêm perdendo seu sentido único, sua exclusividade.

A relativização dos conceitos trouxe novas variáveis para a arena de debates e das ideias.

As interpretações das leis agora têm novos componentes: a inclusão social, os casuísmos e a criatividade partidária.

A vontade que foi expressa pelo legislador é só um guia, uma referência.

Não estamos mais pela vontade do representante do cidadão, os políticos que aprovaram a lei, mas estamos pela mão de interpretações de togados que só deveriam se manifestar quando provocados e, no máximo, dizer se a nova lei fere ou não algum princípio constitucional.

Antes, um homem era um homem porque usava calças compridas, cabelo curto e, em sua certidão de nascimento, estava escrito: sexo masculino. E, por sua estampa, o gênero era explícito e autodefinido.

Atualmente, a situação tornou-se complexa; corre-se o risco de ser processado ou, no mínimo, ser rotulado por ousar acreditar naquilo que se vê, se estiver em desacordo com a vontade de alguém que pensa outra coisa.

Abriu-se uma brecha jurídica de interpretação das leis. Estatutos, regimentos, decretos e até a própria Constituição. A lei agora pode ser interpretada de outras formas, várias formas.

A alegação é sempre a mesma:

O mundo mudou e é preciso acompanhar!!

Tudo certo!

Então, que se mude a lei com sua nova roupagem, ou nova interpretação; todavia, é preciso que a instituição política que ouviu, redigiu e promulgou a lei seja a única com a responsabilidade e a autoridade de mudar leis para uma nova interpretação.

“Em um novo entendimento, o STF interpretou que….”

Está muito errado isso!

É urgente que tenhamos um complemento jurídico da interpretação das leis, com uma redação com dois ou três textos com o mesmo sentido, utilizando palavras diferentes, para ficar clara a vontade expressa pelo representante da sociedade com seus valores, costumes e ordenamento jurídico justificado.

No mínimo três sinônimos para cada palavra-chave do escopo da lei, de forma a deixar clara, perfeita e acabada a vontade expressa de quem a aprovou. Sem interpretações criativas.

E mais, no final do texto de cada lei deve estar assinalado qual a instituição com o poder de revogar ou alterar este conceito, entendimento ou vontade do legislador.

Se a lei foi feita em 1950, é certo que nenhum dos personagens que a redigiram está vivo; para defendê-la, e para que a lei se defenda sozinha, é preciso estar gravado na própria lei quem poderá alterá-la.

Parece absurdo, mas necessário nos dias de hoje; imaginem no futuro!!

Quem julga pode até interpretar, mas vai estar limitado à vontade expressa do legislador. Sem devaneios de criatividade ou soberba.

Uma pequena história para ilustrar a mensagem pretendida.

Os amigos se reuniam diariamente na praça, cada um com seu cachorro de estimação; porém, um deles tinha como mascote um peixe de aquário.

Este pobre homem ficava olhando da janela seus amigos conversando e se divertindo na pracinha no final do dia, e ele ali solitário com seu peixinho no aquário.

Teve a ideia de deixar o peixinho um minuto fora d’água, quase morreu, mas, aos poucos, o peixe foi se acostumando e o homem foi aumentando seus minutos do fora d’água dia a dia.

Até que o peixinho conseguiu ficar fora do aquário direto!

Feliz da vida, o homem colocou uma coleira no peixe e foi encontrar seus amigos na praça.

No meio daquela euforia e alegria de todos, o peixinho escapou da coleira, caiu no lago e morreu afogado.

Moral da história:

De nada adianta avançar em novas experiências, se esquecemos a nossa essência.

  • Rogério Pons da Silva – jornalista e empresário (rponsdasilva@gmail.com)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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